sexta-feira, 7 de janeiro de 2005

Milford e Doubtful Sound

Despeço-me agora da Nova Zelândia. Amanhã, às nove, vou para Auckland, e às dezessete, um A-340 ficou de me levar a Santiago. Queenstown é a mais interessante cidade da Nova Zelândia, considerando toda a região. Fiz o passeio ao rio Shotover. Primeiro, a lancha rápida, que passa a milímetros das pedras. É muita adrenalina. O Shotover é um rio de águas verdes, entre montanhas, que corre numa garganta de impressionante altura. Após vários cavalos-de-pau no rio, o guia levou a lancha até o local de uma velha locomotiva, que vigiava a saída de uma cachoeira. Falou algo que não entendi, mas impressionou os demais. Mais tarde verifiquei por quê. À tarde, segui para o rafting. Adrenalina na veia. Você desce o rio com mais sete pessoas, remando um pouco. A garganta tem paredões que alcançam facilmente 300 metros de rocha pura. A vegetação, os ônibus e carros passando na estradinha lá em cima, e você remando, tirando tinta dos gumes de pedra. Daí começam as cachoeiras. E tome banho. Como eu estava sentado no penúltimo lugar, nõo tomei muita água. Os novaiorquinos, à frente, tomavam caldo direto. Você rema um pouco, se encolhe, recua o remo e torce para sair do outro lado. E sai. Às vezes, uma batida mais forte numa parede de pedra, às vezes um banho de àgua gelada, é normal. Então, o final. Passamos por mais uma cachoeira, pensando que o pior tinha passado. Foi quando veio a caverna. É um túnel escavado na rocha, onde mal cabe o bote. Encolhidos, entramos na escuridão, a água nos levando, a pedra passando a milímetros de nossas cabeças, a escuridão total, por um tempo que parece enorme, devido ao inusitado. Daí, a saída. Uma enorme cachoeira te aguarda, e não há nada que se possa fazer para se livrar de um grande banho. O melhor é se agarrar fortemente, para não cair do bote, e agüentar a água gelada, que te cobre e começa a adentrar a roupa de neoprene (macacão, jaqueta por cima, mais um casaco impermeável, mais colete e um capacete. Você fica parecendo astronauta). Após um violento puxão, gritos e muita água gelada, você sai pra luz do dia, e a primeira coisa que vê é uma velha locomotiva, que era usada pra produzir energia com a água que sai do túnel escavado na rocha bruta. Desnecessário dizer que foi o mais emocionante passeio, até agora. Isso foi há 3 dias. Hoje voltei ao Shotover, para o mountain bike. Eu achava que estava preparado, mas o fato é que descer uma montanha, de bicicleta, não é exatamente um passeio. As pedras, as descidas íngremes, as subidas, os muitos cursos dagua pelo meio, e mais pedras afiladas. Eu não fazia idéia de quão difícil pode ser manter-se em cima de uma bicicleta montanha abaixo. Mas foi simplesmente fantástico. Como bem demonstram meus ossos e pele (intactos) não tomei tombo, fotografei até falar chega e depois voltamos de helicóptero. Pra fechar o dia (e a Oceania), umas cervejas belgas e australianas, acompanhadas por um prato típico neozelandês: pernil de cordeiro, assado com ervas finas e batatas gratinadas. Não mencionei, ainda, os sounds, nomes que eles dão para os fabulosos braços de mar na região de Te Anau (lamento, mas o nome é esse mesmo). Não há palavras para esses colossos. Milford Sound consiste numa reunião assaz feliz de montanha e mar, que se encontram com rara intensidade. São maciços quilométricos, que de repente despencam direto no mar. Inúmeras cachoeiras, de alturas insensatas, testemunham esse encontro, caindo poderosamente sobre um mar convoluto. As nuvens não abandonam os cumes, provendo um decoroso véu para noivas de vasta sombra. O barco entrou quase embaixo da maior das cachoeiras; resisti sozinho no convés, para fotografar. Consegui, não sei com que resultado. Doubtful Sound (haja sounds) é outro meeting de montanhas, mar e nuvens. É um delírio silencioso de rochas, matas, nuvens e céu azul (isso mesmo: fomos os felizardos a ver céu azul numa regiao dominada pela volúpia das nuvens). São dois cruzeiros intensos, onde a natureza não se economiza. Tudo é magnificado até à vertigem, gerando continentes de lembrança na mente do visitante. Pra fechar, Te Anau é uma cidadezinha acolhedora, com uma casa de massas deliciosas e atendentes risonhas (não, não inverta os adjetivos). Tina supera todas, com seu jeito moleque. Ela senta à mesa, em vez de simplesmente anotar os pedidos (não estou falando só da minha mesa). Depois faz comentários deliciosos. Tem de tudo na Nova Zelândia, inclusive gente boa. O país é dos mais bonitos do mundo (como se sabe), e não pode ser esquecido. Queenstown, 7 de janeiro de 2005.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2005

Queenstown

Cheguei a Queenstown. É uma cidade pequena, mas muito interessante; charmosa, situada entre grandes montanhas e um lago. Aqui próximo, ficam Milford Sound e outras atrações turísticas da Nova Zelândia. Irei conhecê-las nos cinco dias que aqui passarei. Amanhã farei um passeio pelo rio Shotover (lancha e rafting). Espero muitas emoções. No mais, um pouco de cansaço com tantos deslocamentos. E também saudades. Hoje comprei minha passagem para Campo Grande, mas antes tenho Torres Del Paine para conhecer. Vai ser interessante. Grande abraço. Queenstown, 3 de janeiro de 2005.