domingo, 13 de julho de 2008

Apresentação do autor

Escrevo poemas como quem pinta. Não faço fotografias, tento não fatigar realidades. Importam-me aqueles traços erráticos de sentimentos, impressões, pendores, simpatias e antipatias que subjazem a qualquer empreendimento humano, e que alguns, parece, não vêem. Semelhantemente ao pintor pós-everything, sinto-me livre para figurar o que me der prazer. Palavras, palavras, muitas delas corrompi sem culpa. Outras diligentemente tentei purificar, sem culpa (precisa dizer que fracassei?). Muitas tentei inventar, ao que elas se desinventaram, me aborrecendo. Algumas figurei sem conhecer-lhes a história, as preferências ideológicas e sintáticas. Palavras incorporei por desleixado senso musical; suas aparências, cheiros, e o que mais elas às vezes gritam, às vezes sussurram.
Escrevo por não poder falar. Escrevo o que não quereria falar, mas cantar. Escrevo músicas profanas, contemporâneas, que ouvi nos sonhos, e não as sei. Gerson Noronha Mota

A potência da poesia

A potência da poesia paz é a luz no jardim e voga na manhã descoberta, querida vida a se dar. O trabalho da poesia, vida aberta, é a conquista eficiente da primavera, sua chuva inaugural.