quarta-feira, 13 de setembro de 2006

A morte de um coroné

Ubiratan era rápido no gatilho. Massacrou 111 no fundo de suas celas: pretos, pobres e indefesos, implorando pela vida. Ubiratan era obediente, e nem um pouco burro: nunca mandaria bala num Marcola, num Escadinha. Militar, respeitava os poderes constituídos. Ainda que recebesse ordens expressas de Sua Majestadade, o Governador. Ah, não senhor, ele não faria isso...
Ubiratan concorria a deputado estadual com o número 111.
Muitos eleitores, com apetite para chacinas, votavam nele. Provavelmente inconformados com o exíguo número de pretos e pobres entregues aos cuidados do Altíssimo. Aposto que esses eleitores também não se metem com Sua Excelência, o Marcola.
Onde estará o nosso Ubiratan, agora? No céu? Junto com os pretos e pobres? Penso que, onde estiverem, logo Sua Excelência se juntará a eles.

Ubiratan, Fleury, Hitler, Stálin: esses excelentes filantropos.