sábado, 4 de junho de 2005

Granada II

Continua o périplo por Granada. Hoje levantei cedo e fui a Guadix, para ver a Catedral, o Alcázar local e as casas dos trogloditas. O Alcázar está fechado, para reformas, e não é muito impressionante (para quem acaba de vir da Alhambra). A Catedral tem uma única coisa interessante: a réplica em mármore de carrara da Pietá, de Michelangelo, que fotografei, claro que sí. Há várias covas de trogloditas em Guadix. As mais próximas da cidade estão tomadas de antenas de tv e parabólicas. Fotografei algumas. As mais distantes, mais naturais, não cheguei a ver (era preciso mais planejamento e mais tempo. De qualquer forma, o cansaço não me permitiria fazê-lo). Fui ainda ao monastério de Jerônimo, bem bonitinho, e à Igreja do Poder Divino, ou algo assim. É de um barroco esplendoroso, com um dourado interminável ofuscando a vista. É bonita, a seu modo. Agora me preparo para seguir viagem para Barcelona. O trem sai às 22 h e chega perto de 10 da manhã. Vou ter muito tempo para escolher as fotografias (é preciso limpar a memoria, porque os motivos se repetem). Ontem fui conhecer o antigo bairro mouro da cidade. É cheio de lojas e museus e igrejas e... casas de banho. O Bañuelo é uma casa de banho moura do Século XI. Quase mil anos e está intacta. Depois, uma paella (mais uma) e tudo estava pronto para a siesta. Os espanhois, tradicionalistas, não abrem mão da siesta. E já que estou aqui, não custa observar os costumes locais. Assim concluo Granada. Escreverei de Barcelona. Grande abraço, Granada, 4 de Junho de 2005.

quinta-feira, 2 de junho de 2005

Granada

Pensei que tivesse visto tudo em termos de castelos, jardins e palácios. Mas Granada é a última palavra em arquitetura medieval. É simplesmente a mais impressionante que já visitei. Eu considerava Paris a cidade mais importante que já conhecera. Bem, Paris é Paris, e não tem nada a ver com Granada, então... well... Querem saber? Esqueçam essa história de Paris. Nem sei por que fui mencionar Paris... O importante é fixar que Granada é desconcertante). A cidade é mais do que consigo colocar em palavras, de modo que vou deixar as fotos falarem (diabos! Acabo de lembrar que minhas fotos não estão à altura desta cidade). Hoje fui à Alhambra. Trata-se de um alucinado complexo de castelos, palácios, jardins, fontes, tudo interminável, tudo interligado por labirintos aqui e ali guarnecidos por uma placa indicativa. Não vou tentar descrevê-la. Está além de minha capacidade expositiva falar de Alhambra. É um alentado projeto de expansão e encontro de delírios. Você entra por uma alameda, e logo está defronte a ruínas monumentais. Desce por uma via e logo está sediando o Palacio Carlos V (não tenho certeza se é Carlos V ou qualquer outro nome...). Por fora, um palácio convencional, quadradão, em pedras. Por dentro, o retângulo trabalha um caminho circular repleto de colunas, num pátio arrasador. Saindo, bem em frente, começam as loucuras do Alcázar. É um castelo medieval onde abundam os altos parapeitos, as miradas de alturas vertiginosas, e os passadilhos com íngremes escadas. No seu interior, um labirinto de alvenaria sob o sol denuncia guerras e gritos de soldados na confluência de eras alfim superadas. Para sair usa-se um jardim, com água refrescante e bancos acolhedores. Depois, o palácio. Foi construído segundo princípios pouco claros de delusões. São intermináveis o jardim, a abóbada, as colunatas, os espelhos d´água, os signos da arte e escrita moura (há três divisões principais dessa arte. Deixo aos historiadores os detalhes). Num jardim alguns leões resolveram sustentar publicamente uma fonte. Noutro, também interno, lembro-me que quiseram um espelho d'águas de um verde profundo, com miradas de palácios por todos os lados. Não longe dali (seguindo o mesmo sonho), um retângulo abastecido com colunatas com avances nos segmentos menores. Em uma palavra: MONUMENTAL! No conjunto (Catedral, Cartuja, Capela Real, Bañuelos, monastérios), penso que Granada não pode ser superada por nenhuma outra cidade conhecida. Acometeu-me fúria fotográfica, e liquidei 1 GB de memória, ou quase, e mais 3 filmes. Não se consegue parar de fotografar. Depois de 5 horas (que me pareceram 8), voltei, para o almoço (paella - troquei o bacalhau, em Portugal, pela paella, não sei com que resultados). Depois da siesta (ninguém é de ferro), fui ao bairro mourisco e de lá ao mirador, para ver a... Alhambra (do alto e de longe). No caminho, uma família de gansos nadava no riachinho que corre rente a uma momentosa muralha. Não me arrependi. Tirei outras fotos, andei um pouquinho e voltei, exausto. Agora, penso que um jantar cairia bem. Pensando bem, vai cair mesmo. Abraço. Granada, 2 de junho de 2005.

terça-feira, 31 de maio de 2005

Córdoba

Sevilha, novamente. Hoje fui a Córdoba, de trem (uma hora de viagem). Visitei a mesquita, depois convertida em basílica. É uma mistura formidável de estilos, em construção ou reforma desde os anos 1200 até 1600, creio. Depois, o Alcázar de Córdoba, com jardins mirabolantes, cheios de alegrias irisadas. Na volta, preferi o trem-bala e, ao cabo de um cochilo realmente breve, anunciou-se Sevilha. Pareceu-me que a viagem durou uns dez minutinhos. Impressionante. Agora, preparo as malas para ir-me a Granada. De lá mando notícias quentes. Grande abraço, Sevilha, 31 de maio de 2005.

domingo, 29 de maio de 2005

Sevilha II

Estou adorando Sevilha. O mais fantástico até agora? O castelo Real Alcázar. É mirabolante. É uma construçao mista, cheia de jardins e labirintos que desembocam falazmente em outros labirintos, numa sucessão de tirar o fôlego. O estilo é árabe, com salas decoradas ate à vertigem com desenhos, estuques e colunatas. A certa altura, já cansado, parei num recinto que me pareceu bem distinto, olhei casualmente para cima e vi uma redoma a título de teto em tudo inacreditável. É um dourado formando uma cúpula, cheia de detalhes que fazem a delícia do observador. Depois, saí e dei uma volta na Basílica de Sevilha, que é estonteante (quem conhece há de perdoar a bossa). Enfim, hoje fiz um arrastão por 3 museus e o palácio. Não é programa pra qualquer um. As fotos? Um montão. Terei de fazer um limpa no arquivo, apagando as menos importantes. Museus visitados: Arqueológico (excelente, cheio de coisas interessantes), Costumbres de Sevilha (com maravilhosos fonógrafos e gramofones) e Belas Artes (lindo, mas as pinturas são todas do mesmo estilo). Amanhã continua o tour pela cidade, até agora uma das mais impressionantes em todo o mundo. Abraços.