segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Tasmania

Ano novo. Comemorações. O dia acima e abaixo num parque nacional. Águas azul-turquesa insuspeitadas nestas latitudes. Freycinet reúne praias, montanhas e florestas numa península decorosa, que se expande para o sul enquanto ilhas: Maria e Tasmania, custodiadas por fervorosas aves. Fiz o registro dessa ocorrência. O resultado? Importa? À noite a cidade se reuniu num espaço ao lado do porto, para comidinhas. Tinha de tudo. Fui de ostras, escalopes, costelinha de cordeiro e calamares com cogumelos. Não sei em que ordem. Sim, acompanhados por chope. Que estivesse maravilhoso, é fácil explicar: tudo da Tasmânia, e fresquinho. Mesmo assim as ostras não têm explicação. Momento raro. Depois, as cerejas. Sabem, num albergue, as pessoas se tornam insensíveis, quanto à comida. Cada qual é seu próprio chef, e não comparte o prato, exceto com a sua turma, previamente estabelecida. Não tenho turma. E não confio em mim na cozinha. Então, cheguei com uma caixa de cerejas, e rapidamente fui às vias de fato. Eles bem que tentaram, mas as cerejas da Tasmânia, de um carmim profundo, brilhando, redondas e tenras, foi demais pra eles. Mantive a calma. Regras são regras. Se eles não dividem a comida, não dividem, está dito. Não seria eu quem iria questionar tão antigos estatutos. Contudo as lágrimas brotaram, mesmo nos mais insensíveis mochileiros, à medida que as cerejas foram gulosamente sorvidas, o sumo de vitoriosas montanhas desaparecendo em meu paladar, paralisando meus sentidos. Deixei a caixa exangue, após a última cereja, repleta de talinhos e sementes, redondas. Isso de regras, tem de ser levado a sério. Espero que eles tenham aprendido a lição. Comidinhas II. Na noite seguinte lá estava eu, para nova farra gastronômica. Três bandas tocavam, às vezes simultaneamente, em locais distintos. Tinha uma banda bem ritmada tocando uns blues fortemente batucados, uma bandinha de rock e uma família tipo The Corrs tocando coisas tipo The Corrs. Não me deixei levar por essas distrações. Calamares com cogumelos, guarnecidos por uma salada e ostras, novamente. O casal de italianos degustava uns queijos artesanais quando eu cheguei com uma ostensiva e escandalosa lagosta da Tasmânia. Por mais que os queijos de Brunny Island porfiem em sabores, bem, não são páreos para uma lagosta. Seja como for, os italianos reconheceram o erro e colonizaram a mesa com uma variedade delas. Esses italianos têm muito o que aprender. III. Brunny Island Foi o mais divertido passeio. Leões marinhos, aves, paredões com penhascos alcantilados, entre os quais deslizamos numa lancha rápida, o azul-turquesa da água. Fotografar numa lancha a mais de 50 km/h não é tarefa simples. Fotografar aves e leões marinhos, nessas condições, exige preparo físico. Fotografei enquanto o braço agüentou. Na volta, albatrozes davam rasantes em busca de peixe. Entre as maiores aves do mundo, o albatroz é um pescador formidável. IV. Demônios, Wombats, Coalas, Cangurus e Corujas O Demônio-da-Tasmânia é um pequeno, gritão e mal-humorado marsupial. Lembra um gambá, numa versão predador. Coalas e wombats são ursinhos de pelúcia vivos. Dóceis, preguiçosos e carinhosos, eles fazem a alegria de fotógrafos diletantes, como eu. A coruja comedora de sapos é impressionante. Enorme, ela de repente abre um profundo e preocupante bico para você. É sua idéia de pose. Como se vê, é fácil tornar-se um tasmaníaco.

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