quarta-feira, 25 de abril de 2012

Café da manhã em Copán Ruínas


Tortilhas ao molho picante, ovos e panquecas. No jardim, sorvi o café das encostas vulcânicas e transes telúricos. Turistas ouviam músicas natalinas.

Ao lado, um russo entoava, entusiasmado: tuuuuc tuc tuc, acompanhando o refrão da musiquinha.

E caprichava no tuuuuuc, aumentando a temeridade da cantoria, que envolvia a manhã, o passeio.

A cantata tocou os ouvidos sensíveis do delegado, à mesa dentro do salão. Infelizmente ele atribuiu a mim o delito, único brasileiro em léguas:

- Vossa Excelência acaso sabe o constrangimento da minha família, com esse corinho natalino?

- Lo sinto, mas não sou eu. É o tentilhão russo, ao lado. - O pimpalhão russo tinha fechado o bico e entrado na tortilha.   

- O patrão certamente não ignora a necessidade de decoro num ambiente familiar, como este, não é mesmo? Vou dizer só mais uma vez: procure manter a boca fechada.

- Se é o pimpim russo!

- Está bem, está bem. Não vou prendê-lo agora, que é dia de todos os santos, mas tem de prometer que não vai mais fazer isso, hein? Nunca mais.

Promessa feita, café tomado, saí pelas ruas da pequena Copán, inaugurando 2012. Arrecadei alguns ídolos de jade, que agora vigiam os passos de meus moais, na sala.

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