sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Borges e a realidade

Folheio o primeiro tomo das obras completas de Borges. Leio: (...)
"uma mula tordilha que anda pela chácara de Palermo, no limite desta cidade". Posso vê-la absurdamente clara e pequenina, no fundo do tempo, e não quero somar-lhe pormenores. Que nos baste vê-la sozinha: o confuso estilo incessante da realidade, pontuado de ironias, de surpresas, de previsões estranhas como as surpresas, só recuperável pelo romance, intempestivo aqui. Felizmente, o copioso estilo da realidade não é o único: há o da memória também, cuja essência não é a ramificação dos fatos, mas a perduração de traços isolados. Essa poesia é a natural de nossa ignorância e não procurarei outra.
Em outra passagem ele revela que: O mundo é um par de ternas imprecisões e:
confessei a estranheza do mundo.

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