quinta-feira, 2 de junho de 2005

Granada

Pensei que tivesse visto tudo em termos de castelos, jardins e palácios. Mas Granada é a última palavra em arquitetura medieval. É simplesmente a mais impressionante que já visitei. Eu considerava Paris a cidade mais importante que já conhecera. Bem, Paris é Paris, e não tem nada a ver com Granada, então... well... Querem saber? Esqueçam essa história de Paris. Nem sei por que fui mencionar Paris... O importante é fixar que Granada é desconcertante). A cidade é mais do que consigo colocar em palavras, de modo que vou deixar as fotos falarem (diabos! Acabo de lembrar que minhas fotos não estão à altura desta cidade). Hoje fui à Alhambra. Trata-se de um alucinado complexo de castelos, palácios, jardins, fontes, tudo interminável, tudo interligado por labirintos aqui e ali guarnecidos por uma placa indicativa. Não vou tentar descrevê-la. Está além de minha capacidade expositiva falar de Alhambra. É um alentado projeto de expansão e encontro de delírios. Você entra por uma alameda, e logo está defronte a ruínas monumentais. Desce por uma via e logo está sediando o Palacio Carlos V (não tenho certeza se é Carlos V ou qualquer outro nome...). Por fora, um palácio convencional, quadradão, em pedras. Por dentro, o retângulo trabalha um caminho circular repleto de colunas, num pátio arrasador. Saindo, bem em frente, começam as loucuras do Alcázar. É um castelo medieval onde abundam os altos parapeitos, as miradas de alturas vertiginosas, e os passadilhos com íngremes escadas. No seu interior, um labirinto de alvenaria sob o sol denuncia guerras e gritos de soldados na confluência de eras alfim superadas. Para sair usa-se um jardim, com água refrescante e bancos acolhedores. Depois, o palácio. Foi construído segundo princípios pouco claros de delusões. São intermináveis o jardim, a abóbada, as colunatas, os espelhos d´água, os signos da arte e escrita moura (há três divisões principais dessa arte. Deixo aos historiadores os detalhes). Num jardim alguns leões resolveram sustentar publicamente uma fonte. Noutro, também interno, lembro-me que quiseram um espelho d'águas de um verde profundo, com miradas de palácios por todos os lados. Não longe dali (seguindo o mesmo sonho), um retângulo abastecido com colunatas com avances nos segmentos menores. Em uma palavra: MONUMENTAL! No conjunto (Catedral, Cartuja, Capela Real, Bañuelos, monastérios), penso que Granada não pode ser superada por nenhuma outra cidade conhecida. Acometeu-me fúria fotográfica, e liquidei 1 GB de memória, ou quase, e mais 3 filmes. Não se consegue parar de fotografar. Depois de 5 horas (que me pareceram 8), voltei, para o almoço (paella - troquei o bacalhau, em Portugal, pela paella, não sei com que resultados). Depois da siesta (ninguém é de ferro), fui ao bairro mourisco e de lá ao mirador, para ver a... Alhambra (do alto e de longe). No caminho, uma família de gansos nadava no riachinho que corre rente a uma momentosa muralha. Não me arrependi. Tirei outras fotos, andei um pouquinho e voltei, exausto. Agora, penso que um jantar cairia bem. Pensando bem, vai cair mesmo. Abraço. Granada, 2 de junho de 2005.

2 comentários:

Anônimo disse...

Grande Gérson,
Indague aos nativos sobre locais e fatos interessantes para os Peregrinos que fazem o Caminho de Santiago de Compostela.
É que eu pretendo fazer essa trilhazinha, saindo da França e terminando em Portugal (Quero ir até Finisterre, olhar o mar de onde saíam, segundo a lenda, as conchas de Vieiras, trazidas de volta pelos peregrinos).
Quando for até lá, quero dar um giro pela Espanha também. Seus relatos vão ser de grande valia.
Pela riqueza de detalhes que você está passando, estou consiuderando a possibilidade de cometer o sacrilégio de fazer o caminho de bicicleta, de forma a poder completá-lo em 15 dias, e usar os 15 dias restantes para girar a Espanha.
Tenho grande tara por conhecer o País Basco. Não sei ao certo o que tem lá, mas me encanta a incerteza sobre as origens do idioma e do povo de lá também.
Mas isso é um plano para o ano vindouro, ou até mesmo o outro seguinte.
A propósito, consolidei meu plano de médio prazo, de fazer uma volta ao mundo a cada dois anos, começando com essa que iremos corajosamente desbravar. Esse plano eu irei manter pelos próximos 20 anos, de forma que, nessa existência (a única que disponho) farei dez voltas ao mundo antes dos 60 anos de idade.
Acho que vai ser divertido.
Um grande abraço,
Júlio César.

Manelim disse...

Olá, Júlio!


Nao se deixe impressionar pelo que escrevo. Sou um deslumbrado pelas belezas dessas paragens.

Quanto ao caminho de Santiago, é questao de fôlego. Penso que o sacrilegio da bicicleta sera bem-vindo, abrindo tempo para o sul (que é demais, estou me repetindo).

Pretendo ir ao norte da Espanha, e a Bilbao em particular. Numa proxima vez. Já a caminhada nao esta nos meus planos, por ora.

Quanto aos planos de volta ao mundo, bem, é empreitada de grande envergadura. Pretendo conhecer o mundo, de acordo com a disponibilidade de tempo, e ja me candidato a acompanha-lo em algumas dessas viagens.

Seja como for, estou adorando esta viagem, que fiz sem qualquer planejamento (quando cheguei a Sevilha, comprei um guia da Espanha, pra se ter uma ideia do improviso. Mesmo assim, nenhum problema.

Grande abraço,

Gerson