domingo, 30 de janeiro de 2005

Chegada à Austrália

Após um vôo de vinte e tantas horas, com escalas em Santiago e Auckland, chega-se a Sydney. Um Jumbo nos acompanhou na aproximação final, pousando simultaneamente, quase ao nosso lado, numa pista paralela. Um 747 voando a alguns metros de sua janela, em atitude de pouso, é algo grandioso e perturbador. Ao fundo, a ponte que reivindica Sydney e a Austrália. Um Boeing 777 da Royal Brunei novinho em folha ajudou a compor o quadro. A primeira impressão, na saída do aeroporto: o calor, as moscas e o aspecto geral de país desenvolvido. No caminho para o hostel, em companhia de moças alemãs, a impressão se acentuou. No albergue, várias pessoas simpáticas, mas nenhuma amizade (é preciso mais investimento, concluí). De certa forma, Sydney realiza o que outras cidades apenas sonham. Parques por toda parte; a arquitetura pode não ser original, mas tem sempre algo que agrada. A Casa da Ópera talvez seja a obra mais importante da arquitetura do século 20, me disseram, e estou propenso a acreditar. O formato, em conchas, o tratamento genial dado às formas, seus detalhes generosos: como invejo um gênio que se realiza. Atravessar à pé a ponte foi como inserir-se numa fotografia dos anos 30. Suas colunas, negras, evocam catedrais esguias. Na luz esbatida do sol em retirada, conta-nos o metal uma história de desafio e glória. Tendo o sol deslizado em busca da América, me ponho à espera da noite. Ela pode ser fria em Sydney. Sydney, dezembro de 2004 II. Chegada ao outback. Vocês pensaram que as moscas eram assunto superado, não é mesmo? Pois elas estão aqui. Todas elas. E não adianta abanar. Se elas gostarem de você (elas vão gostar), abanar poderia magoá-las. Deixa que fiquem. São de um tipo pequeno, bem pequenininho, e tenazes. Hoje, ao amanhecer, subi a uma colina de onde se avista Alice Springs. É uma pequena coleção de prédios pequenos, acossada por morros de pedra ocre. Tomamos café e partimos para o deserto. No caminho, paramos para catar lenha para o jantar (na Austrália, é normal). Depois paramos, por quebra do ônibus. Foi estranho ter de esperar no meio do deserto, por muitas horas, sem que nada fosse feito. Nesse tempo, conversei com uma americana e duas alemãs (que pensei fossem irmãs). Yvonne é uma doce criatura. No sorriso, a chave da candura. Esses imprevistos é que nos dão lucro. Alice Springs, dezembro de 2004.

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