sábado, 31 de março de 2012

Talim








Talim

Cidadela medieva, patrimônio da Unesco, com igrejas e castelos encerrados num paredão de pedra. Saí de Segway, o patinete elétrico, para experimentar iras. Subi rampas, venci a Toompea e vistoriei os fundamentos dos castelos e jardins. Ao rodopiar por sua torre, compreendi essa grande muralha.

Depois de um chope encorpado, ao estilo europeu, com um assado típico, travei conhecimento com um sujeito que beneficia a madeira achada ao golfo da Finlândia, incorporando sentimentos.
Nisso, um animado carnaval atravessou a cidade histórica, com fanfarras, malabares e dançarinas. A percussão se concentrou na praça em frente, e para lá fomos.
Voar de patinete pelas ruelas de Talim foi como soltar feras lúdicas por entre jardins medievais.

Ascensão e queda do comunismo

Concluo Ascensão e Queda do Comunismo, de Archie Brown.

Ele tenta abarcar todo o fenômeno, desde a ideologia fabricada por K. Marx até a queda fulminante e inesperada do império soviético.

Entendo que o comunismo, mesmo em teoria, é indefensável, na linha de K. Popper. Se você coloca uma canga num ser humano e o manda trabalhar até morrer, não é preciso ser cientista pra saber que não vai dar certo.

Se a propriedade é pública, não será de ninguém, e ninguém fará nada de produtivo com ela. É simples assim, mas muitos se recusavam a enxergar.

Na prática, o comunismo tornou-se o biombo conveniente para que bandidos sedentos de poder inaugurassem as mais brutais ditaduras. E uma religião política que cegou boa parte dos intelectuais no século 20.

O comunismo, nascido de uma crítica merecida de Marx aos excessos do capitalismo, tornou-se talvez o pior pesadelo político da humanidade, considerando-se seus grandes próceres: Pol Pot, Stalin, Mao, Ceausescu, Castro, e suas obras: a captura e encarceramento de povos por até 70 anos, sem direito a um único gesto humanitário.

Mas deixando essas ninharias de lado, o autor apresenta uma tese preocupante: o comunismo não caiu por qualquer atitude, qualquer pressão do Ocidente.

Ao contrário do que diz o partido Republicano dos EUA, e  repetimos acriticamente, não foi o bizarro orçamento militar americano, e suas armas inúteis, que derrubaram a "cortina de ferro".

Sustenta ele, de forma consistente, que o império soviético não suportou as reformas introduzidas por Gorbatchev, no afã de melhorá-lo. A estrutura, rígida demais, simplesmente não podia conviver com um pouquinho de democracia, um pouquinho de respeito ao ser humano, e colapsou sob demandas como liberdade de opinião e direito de voto - além, é claro, de algo mais simples e mais básico: o direito de cada um de escolher os rumos da própria vida.          

Isto, e não bombardeiros de 1 bilhão de dólares, acabou com a dieta Soviética. Após o fracasso do golpe militar contra Gorbatchev, os estados satélites perderam o medo que tinham do urso feroz. Um a um, todos sacudiram o jugo soviético, começando pelas três repúblicas bálticas e Alemanha "Democrática".  

A prova do argumento está bem diante de nós: Cuba e China continuam comunistas, totalitários e brutais com seus cidadãos, e não há orçamento do Pentágono (por mais que tenha subido sob Bush) que os vá convencer do caminho democrático, das liberdades e respeito ao ser humano.   

Aí está. Da próxima vez que ouvir alguém dizer que o obsceno orçamento militar americano derrubou "o comunismo", pergunte por que não derrubou todos os regimes comunistas, e por que alguns estão agora mais fortes, ricos e arrogantes.