Num semicírculo, profetas
fosforescentes se revelam na luz
que colhe o Anhumas em tons azuis.
Vigio do alto essa ocorrência
interessado em silencioso discurso
dependurado a 70 metros do
espelho de um secreto lago.
Constam mastodontes, preguiças gigantes
em suas profundezas escuras,
e dois mergulhadores intrometidos
perturbando o respeitável sono de coisas
há milênios recolhidas a mistérios.
Fósseis de formas ancestrais de vida,
extintas sob a supervisão das eras,
imersos numa membrana líquida
ao abrigo do manejo humano.
O trabalho profuso do calcário escultor
ganha uma nave ao interior da terra,
lavrando a rara catedral
nos recessos do cerrado.
O discurso anil de profetas telúricos
arrojado em grego ao abismo
faz prova dessa luz fria
em profunda menção:
a terra são silêncios.
Vigio do alto essa coerência.
Março de 2002.