Tortilhas ao molho
picante, ovos e panquecas. No jardim, sorvi o café das encostas vulcânicas e transes
telúricos. Turistas ouviam músicas natalinas.
Ao lado, um russo entoava, entusiasmado: tuuuuc tuc tuc, acompanhando o refrão da
musiquinha.
E caprichava no tuuuuuc,
aumentando a temeridade da cantoria, que envolvia a manhã, o passeio.
A cantata tocou os ouvidos sensíveis do delegado, à
mesa dentro do salão. Infelizmente ele atribuiu a mim o delito, único brasileiro
em léguas:
- Vossa Excelência acaso sabe o constrangimento da
minha família, com esse corinho natalino?
- Lo sinto,
mas não sou eu. É o tentilhão russo, ao lado. - O pimpalhão russo tinha fechado
o bico e entrado na tortilha.
- O patrão certamente não ignora a necessidade de
decoro num ambiente familiar, como este, não é mesmo? Vou dizer só mais uma
vez: procure manter a boca fechada.
- Se é o pimpim russo!
- Está bem, está bem. Não vou prendê-lo agora, que é
dia de todos os santos, mas tem de prometer que não vai mais fazer isso, hein?
Nunca mais.
Promessa feita, café tomado, saí pelas ruas da pequena Copán,
inaugurando 2012. Arrecadei alguns ídolos de jade, que agora vigiam os passos de meus moais, na sala.