Fui o último a saltar do barco. Emergi numa esteira fluida que me embalava do mar aberto à laguna. O envelope de voo incluía abismos pacificados e entidades marinhas. Era simples: bastava conduzir o olhar, varrendo o pass, sem nenhum esforço.
O grupo seguia à frente, e alguns arriscavam mergulhos. O guia foi em busca de um peixe e, no regresso, voou como um astronauta abaixo de nós, num momento surfista prateado. No fim, o barco acolhe os turistas, impedindo que se extraviem laguna adentro, como muitos desejavam.
Após, almoçamos peixes frescos. Os tubarões, não. Caímos na água, para trocar impressões com eles. A certa altura, tendo todos os turistas recuado a bordo, eu fiquei, para mais fotos. Num dado momento, convulsão na água: dezenas de torpedos partiram contra mim, e só desviaram no último milímetro. Eram tubarões famintos, convocados pelo barco às minhas costas, para o almoço. Tão rápido que a câmera só pode lamentar a bateria fraca.
Manihi
Na manhã, pescaria. Os tubarões morderam minha isca (na verdade, eles a comeram). Duas vezes. Um deles foi convocado a bordo, para se explicar. Minhas iscas continuaram a sumir, vez ou outra, e nenhum peixe, entre tantos meros e garoupas pintadas, se apresentou.
Depois o almoço. Os nativos grelharam o produto da pescaria, mais frango e o polvo colhido nos recifes. Junto com vinhos, cervejas e água, foi o mais delicioso lanche nos motus do Tahiti.