sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Luz azul

Alguns dias medem séculos, por poderosos. A luz nos alcança e enfeitiça a vida. A verdade de algumas tardes pode vidas. Então queremos.

França

França

The Economist

Blog do Vinícius: A liberalérrima revista britânica "The Economist" declarou seu "voto" para Barack Obama, a quem John McCain chama de "socialista", nos seus acessos de gagaísmo e safadeza. Está na capa da edição desta semana, que circulou hoje, quinta, 30 de outubro.

Luz

Se o seu enclavinhar é único que dizer dos olhos? No calor de suas mãos, perfeito empalme de sonhos. No ponto de ônibus o descortinar de um mundo
real? Não certamente, que a realidade não compreende o mágico, o etéreo. No ponto de ônibus 1987 o interpelar da quintessente beleza melífluo diálogo penumbra que às almas põe a lume. Tão grave demanda frente a frente com tão ansiado dulçor ... E o seu primeiro sorriso que é de lindes lindíssimo dos futuros emprestou auxílio (os sorrisos-ensaios do querer) a vida para sempre me iluminou.

O CONAMA, o MPF, a indústria e nós

Estadão de hoje: Foi assinado ontem um acordo judicial para compensar o não cumprimento da Resolução 315 de 2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que determinava a adoção, em todo o País, de um diesel mais limpo, chamado S50, com 50 partes por milhão (ppm) de enxofre. O enxofre é um poluente com potencial cancerígeno. O termo é menos rígido do que diz a norma. É o caso do diesel fornecido hoje no interior, com 2.000 ppm de enxofre. Ele será substituído, a partir de 1º de janeiro, por um diesel um pouco menos sujo, com 1.800 ppm de enxofre. E deverá ser gradualmente trocado, até 2014, pelo diesel com 500 ppm de enxofre - 900% mais poluente do que o S50. Nas regiões metropolitanas, que hoje recebem o diesel com 500 ppm, apenas os ônibus urbanos serão "limpos", seguindo cronograma diferenciado. Os ônibus de São Paulo e Rio serão abastecidos com o diesel S50 no início do próximo ano. Até 2011, as frotas das cidades de Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e das regiões metropolitanas de São Paulo, da Baixada Santista, Campinas, São José dos Campos e Rio também receberão o combustível menos poluente. Só as regiões metropolitanas de Fortaleza, Belém e Recife serão totalmente abastecidos com S50 a partir de 1º de maio de 2009.
A resolução, que a indústria não cumpriu por ampla e justificável falta de tempo, é de que ano mesmo? Hum... deixe-me ver... Dois mil e... DOIS! Indiferente a todos esses sucessos, e às necessidades (de lucro) da indústria, O Conama aprovou ontem resolução que antecipa para 2012 a adoção do diesel S10, com 10 ppm de enxofre, no abastecimento de veículos pesados no Brasil. Para veículos leves, o Conama ainda vai elaborar uma nova resolução. Fala sério, leitor: você deixaria seu filho respirar um ar desses?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Lyon

Caixa Postal

Abro a caixa postal na expectativa de temperar matéria viva com esperança. Mas de lá, sei, saltam selos, logotipos, divisas duras, a nódoa comercial. Detetives, banqueiros, estatais, o sapateiro, alfaiates me querem, em pessoa ou na forma promissória. “Compre, adquira, receba grátis (por módica quantia indenizatória); consuma o que quiser apenas nos pague, Senhor nº n, que somos entidade filantrópica, sem fins lucrativos, mas amamos fazer circular a riqueza.” No sábado abro a caixa dos correios e o negócio é uma feijoada, a que compareço, em minha (predileta) manifestação cartão de crédito. Os afiadores de facas merchandaizam (que facas, limadas, abrem novas polpas, sequer supostas na praça dos desatentos). Matéria viva não há. A última carta de amor recebida foi nunca e desde então me apreende essa procura (carta de amor: pro cura). A última carta de amor recebida, embebida em anseio e vocativo natural, veio de uma terra tão difícil... (conheço o lugar, mas os ventos estão desaparelhados de rosa). “Senhor Gérson, elimine sua
pediculose, refresque seu quarto, compre dólares verdes georges, arremate nosso dócil camelo, viagem de férias pelas arábias; entre para o seleto clube de civis que possuem um caça usado, vá à Polônia ver o túmulo do Papa...
Senhor Gérson, que chato!
O senhor não tem colaborado!” Indiferente a tudo, ambiciono o bilhete da remota companhia a prometer viagens à Lua. No domingo, não obstante a dificuldade de acordar, com as chaves da felicidade nas mãos lanço-me ao bunker onde se esconde tanta correspondência para retirar meu certificado de vitória, meu diploma de bem-sucedido na vida. Nesse mesmo domingo é que as correspondências comerciais mais se mostram terríveis: desarmando mãos varadas pela expectativa e driblando olhos injetados de necessidade, de co-respondência, elas partiram voluptuosas para o negaceio, amigando-se às mitológicas cartas de amor, deixando meu pobre ego à mingua das carícias superficiais comerciais que tanto amo desprezar. Releio, altavoz, antiga correspondência: “compre nossos serviços, senhor ___________________________, que nós só o prestamos por altruísmo (e faremos descontos especiais a quem nos ligar com lágrimas nos olhos e cartão de crédito nas mãos). Lucro não nos dá, senhor. Nós o amamos, deixe-nos embriagar suas baratas, reformar suas teias de pensamentos e gritos”. O que mais me agrada é a correspondência bancária. Não raro vou às lágrimas, enlevado com os poemas em forma de extrato. Os borderôs de cobrança me comovem. Seriam aqueles números (montante, multa por atraso e juros de mora) a música de Pitágoras, que a impressora vazou em manchas pretas? Embora eu saiba que eles são contra apresentação, eu me apresento, de mãos abertas, e os recolho para brincar em meu colo, em minha conta bancária. Os bônus de desconto expiam meu salário salvando a espécie pecadora. Abro minha carteira com alegria: fui convidado a comprar. De joelhos chego ao templo do consumo e, já que de nada careço, deixo minha oferenda, comprando-me numa liqüidação anual.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Marselha

Mekong

Canais do delta do Mekong, Vietnã.

Hanói Hanói

Maré vermelha

O sempre lúcido historiador Marco Antonio Villa, na Folha de hoje:
Assim, o Bolsa Família se transformou em um instrumento de petrificação política, de permanência das oligarquias, impedindo a alternância no poder municipal. Pior: o governo Lula, que já conta com 11 milhões de famílias beneficiárias, ameaça incluir mais 4 milhões que já estão cadastradas no programa. Em outras palavras, o programa Bolsa Família será um dos instrumentos usados em 2010 para ganhar de qualquer jeito as eleições.
O final do ano será marcado por um cenário político confuso. Surpreendido pelo resultado das eleições municipais, ao governo interessa colocar vários obstáculos no caminho até chegar a 2010. Vai lançar diversos balões de ensaio: transformar o Congresso em Assembléia Constituinte, voltar a insinuar o desejo de apresentar a proposta do terceiro mandato, falar em extinção da reeleição, defender um mandato presidencial de cinco anos - mas, no fundo, sabe que nada disso pode ser aprovado.
A maioria congressual que o governo Lula teve nos seis anos de mandato vai diminuir paulatinamente. E minguará na relação inversa do tamanho da crise econômica internacional.
O governo continuará tentando dividir a oposição, buscando aqueles mais propensos à composição política em troca de algumas migalhas. Deverá explorar vaidades e esperanças frustradas.
Teremos a eleição mais violenta da nossa história, com o uso da máquina administrativa e dos programas assistencialistas, com acusações e ameaças, dossiês à vontade, para todos os gostos, e, provavelmente, em um cenário econômico desfavorável.
O exército de aloprados prepara-se para o combate. Eles sabem que não podem perder o acesso privilegiado ao poder. Não mais sobrevivem distante dele. E farão de tudo para continuar mais quatro anos (oito seria melhor) usando e abusando das benesses produzidas em Brasília.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Elogios

Há muito dispensei os amigos de elogiar meus textos.
Mas não meus inimigos.
Elogios rasgados, espalhafatosas e falcíssimas irrogações de genialidade são-lhes exigidos rotineiramente. Os recalcitrantes são punidos; os que, elogiando, simulam um grau inconvincente de sinceridade, recebem logo maus-tratos. Hoje quase não tenho inimigos. Por que será? Minha escrita continua dividindo pessoas. Como amiúde acontece nos assuntos humanos, formam-se, nítidos, dois partidos: os que se sentem ofendidos e os que se indignam com meus textos. Em geral, costumo acompanhar os primeiros. Quanto aos resultados desses sentimentos, novamente temos dois grupos, funcionando em regime de paixão: os que exigem minha crucificação e os que se contentariam com meu apedrejamento. Prefiro não tomar parte nessa questão, tormentosa. 25.3.2004.

Tasmania

Fernando de Noronha

A política da economia

Blog do Vinícius, hoje:
No Rio, venceu o PMDB de Sérgio Cabral e Eduardo Paes, ex-PV, ex-PFL, ex-PSDB, ex-antilulista, ex-inimigo do mensalão, ex-tudo e ex-amigo da "ética" (vide a panfletagem repulsiva contra Gabeira). Paes, esse rapaz macunaímico mas sem graça que rastejou diante do ex-desafeto Lula por um prato de lentilhas bichadas. Quase todas as candidaturas a prefeito de capital foram baseadas em misturas adúlteras de tudo e de qualquer coisa que há na adulterada política brasileira. Uma mixórdia, pois, parecida ou mesmo idêntica à do PMDB "tout court". Logo, essas candidaturas, seja qual for o nome do partido, são todas "PMDBs" também. Os PMDBs vencem, de qualquer maneira.

domingo, 26 de outubro de 2008

Vietnã

Vietnã

Cultivo de arroz.

Vietnã

Recife

Pará

França

Política

Josias de Souza, neste domingo de extermínio dos devaneios petistas:

Numa fase em que se discute a viabilidade da “teoria do poste”, Serra mostrou, em São Paulo, que é possível eletrificar o nada.

Kassab tratorou o tucano Geraldo Alckmin, um ex-governador bafejado pelo recall de uma disputa presidencial. Passou por cima também do apoio de Lula a Marta.

Agora, está na bica de impor ao PT uma derrota na cidade em que o petismo se julgava mais forte. Está deflagrado o projeto Serra 2010.

Escrito por Josias de Souza às 20h58

Fernando de Noronha

Ermas ondas reivindicam o sol e o obtêm, para nós.