sábado, 10 de novembro de 2012

Hobsbawn e os crimes comunistas

Cansei de invectivar o comunismo e sua tentativa de negar o ser humano. Como disse algures, o comunismo é uma doutrina indefensável, mesmo em princípio. Eurípedes Alcântara faz um ótimo trabalho, ao criticar a obra de Eric Hobsbawn, um comunista que tentou negar os crimes dos camaradas contra a humanidade. Vamos ao texto:

O marxismo é um credo que tem profeta, textos sagrados e promete levar seus seguidores ao paraíso. Os poucos sistemas políticos erguidos sobre essa fé desapareceram. Sobraram umas ilhas de miséria insignificantes. Como todas as teocracias, os governos marxistas foram ditatoriais, intolerantes, rápidos no gatilho contra quem discordava deles — foram estados assassinos. O escritor inglês H.G. Wells, autor de A Guerra dos Mundos, descreveu o alemão Karl Marx (1818-1883) como "uma mente de terceira, postulador de uma tese de segunda, propagandeada por fanáticos de primeira".

(...) o marxismo atua no mesmo nível mental da transcendência, área distante da que processa os pensamentos e atos racionais. Isso explicaria por que, mesmo morto e enterrado como teoria e prática, o marxismo sobrevive como igreja — ou igrejinha, quando instalado em círculos acadêmicos. Cardeal da seita, Hobsbawm tinha convicções impermeáveis aos fatos e à lógica.

Karl Marx se acreditava um observador científico da realidade cujas afirmações sobre a superação do capitalismo pela revolução comunista não eram meras previsões. Eram profecias. A classe operária ficaria tão numerosa e miserável que tornaria inevitável o confronto vitorioso final com a burguesia. Algo deu errado. Em vez de empobrecerem, os operários foram ficando mais ricos - muito mais ricos do que seus antepassados jamais sonharam. Os países europeus, alvo de Marx, aplacaram a radicalidade das massas com reformas e assistência social.

Mais à frente ele anota:

(...) nas religiões a realidade não tem valor de convencimento. Os crimes cometidos por líderes e seu aparato de eliminação dos adversários (e dos aliados incômodos), a derrocada moral e material da seita? São eventos insignificantes para os convertidos. Hobsbawm fingiu que não eram com ele a censura, as execuções sumárias da polícia política, os gulags; silêncio sobre a operação planejada de matar de fome, por vingança, duas dezenas de milhões de habitantes da Ucrânia, um dos mais odiosos processos conduzidos por Stalin. Tal barbaridade seria repetida mais tarde por Mao Tsé-tung na China e Pol Pot no Camboja, genocidas que ele também bajulou.

E conclui:

Como seria o paraíso comunista? Marx, escritor prolixo, descreveu-o brevemente uma única vez: "Na sociedade comunista, onde ninguém tem uma esfera exclusiva de atividades, a sociedade regula a produção em geral e isso torna possível à pessoa fazer uma coisa hoje e outra amanhã, caçar de manhã, pescar à tarde, criar gado de noite, escrever críticas literárias depois do jantar, exatamente o que eu pretendo fazer, sem nunca me tomar caçador, vaqueiro ou crítico". Não se sabe por que no paraíso comunista a caça & pesca é vital e o gado é albino, já que deve ser criado no escuro.

Mas será que, em nome dessa fantasia, teria sido mesmo necessário produzir um Himalaia de cadáveres de inocentes? Que motivos levam gente até bastante ilustrada a acreditar nessa escatologia pueril? A fé. O fanatismo com que encampam dogmas comunistas tais como "a moralidade é uma ilusão" ou "a ética é uma arma da elite dominante". (Isso lembra algo e alguém no Brasil de agora?) Tantas mortes, tanta miséria intelectual e moral para quê? Para podermos pescar, caçar e criar gado à noite, ora!