sábado, 22 de dezembro de 2007

Noite em Budapeste

Última noite em Budapeste. Saio para comemorar.
Vou a uma estação de metrô, comprar o tíquete para o ônibus. Ensinada, a máquina fica com meu dinheiro, mas esquece do tíquete. Well, vou à pé (nem queria, mesmo).
O peixe estava ótimo, e também a sopa goulash (é uma sopa de carne, igualzinha às do Brasil. Com páprica fica melhor). Pena que, mais uma vez, tive notícias do trabalho de um desses dentistas...
A comida húngara tem lá suas alegrias, mas nada que deveras impressione.
Os preços, em geral, são altíssimos. Para se ter uma idéia, subir num bondinho custa 7 reais, e qualquer museu, por mais ordinário, vai ficar com 20 de seus reaizinhos... Qualquer jantarzinho fica por 70 reais.
Volto ao hotel triunfante, depois do jantar. Nada de neve, nada de passar frio: busão, de grátis...
Só o hotel ficou barato (pouco mais de 100 reais, com direito a internet por quantas horas o freguês agüentar).
Budapeste, 22 de dezembro de 2007.

Informações inúteis

A Hungria, parte do império austro-húngaro, não satisfeita em perder a 1ª. Guerra Mundial (ficou ao lado da Austria, naturalmente) perdeu também a 2ª: ficou com os nazistas, achando que podia recuperar parte do território perdido na 1ª. edição desse grande divertimento para adultos e crianças chamada Grande Guerra.
Terminada esta Stálin recebeu o país (e metade da Europa) de mão beijada dos americanos. Em 1956 as tropas soviéticas invadiram, e o primeiro-ministro Imre Nagy foi executado. Flertara com gracinhas democráticas.
Vitória, só com a adesão à Uniao Européia, recente e incompleta, por ora.
Fala-se o Húngaro, como eu suspeitava. Chico Buarque teria dito, sei lá por que, que esse é o unico idioma que o diabo respeita. O que se diz, em geral, é que o idioma foi inventado para que ninguém mais soubesse o que os húngaros confidenciam entre si.
Talvez por isso nao vejamos muitas escolas de Húngaro por aí, nem Húngaro por correspondência em cinco (ou dez) lições.
O Húngaro pertence à familia das línguas uralo-altaicas, representadas na Europa também pelo Finlandês e o Estoniano, das quais se aproxima apenas pela estrutura gramatical, pois não compartilham qualquer semelhança entre palavras. Tem parentesco distante com alguns dialetos de cantos remotos da Sibéria, e percebe-se tão bem ou quase nada como se fosse Cirílico (Russo).
Tirei a citação de uma revistinha portuguesa. Aposto que o leitor nao sabia nada disso (e nem eu, obviamente).
Um fato: se o seu inglesinho falho e dificultoso não funcionar, vá de gestos. Porque Húngaro mesmo é que você não vai aprender.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Hungria

Neve, frio intenso e dias escuros, manchados de cinza. Sol em Budapeste, só no dia da chegada.
Nao reclamo, tomo um bom vinho hungaro (Juhász) para continuar a exploracao. Hoje voltei ao castelo de Buda, e a igreja de S. Matias.
Buda é acidentada, cheia de colinas. Numa delas situa-se o castelo. Peste, plana, abriga o Parlamento.
No meio delas, o Danubio.
Ontem visitei, em Peste, a Casa do Terror. É um museu que conta uma historinha muito triste. Trata-se dos massacres e crimes perpetrados pelos nazistas, logo seguidos pelos dos comunistas.
A Hungria foi esmagada por uns e outros.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Sobre darmos aos bancos o que eles dizem querer

Caí no conto de fadas de que, trazendo meu próprio computador, previamente cadastrado no banco e por ele reconhecido, poderia movimentar minha conta. Pois bem. Estou num McDonalds, há horas tentando o acesso e com a bateria prestes a acabar. A maldição do banco fica pedindo a instalação de um novo programa (que ele finge fornecer, mas nunca se instala) e não permite o acesso. Volta sempre para a senha, num enervante laço. De outro computador, nem pensar. Só os previamente cadastrados. No Brasil. Tenho uma promessa para o ano: a primeira providência, assim que puser os pés no Brasil, vai ser acabar com minha conta nessa nódoa no sistema financeiro, esse banquinho chamado BANCO DO BRASIL. É o que prometo.

Notas de viagem

1. Cervejaria em Munique. Teto decorado com pastorais alemãs; mesas rústicas, chefiadas por alemães; música folclórica tocada só quando dava na veneta da banda, bávara. Onde estarão os estrangeiros? Peço chope. Ignoro se a Alemanha tem coisa melhor. O acompanhamento inclui salsichas, com chucrute, of course. Em outra cervejaria (sim, visitei todas que pude), as salsichas boiavam pálidas numa água quente, e o gosto não era muito melhor que a aparência. Já o chope era inteiramente digno. Descobri, no fundo da vasilha, sob a água, a conta. Bastante original. 2. A temível Polizei alemã usa uniformes e BMWs verdes, como nos filmes de James Bond. Mas dentro desses uniformes encontrei, muitas vezes, loirinhas de uma simpatia e beleza que desmentem a ferocidade do mito. Em Munique uma delas gastou uns cinco minutos me explicando como chegar à cervejaria Hofbräu (eu já tinha ido lá umas cinco vezes naquele dia. Ainda assim queria ouvir a explicação). Por pouco não esqueço o acatamento que se deve à polícia alemã e convido a menina para um chope. A verdade é que eu teria facilmente consentido em que ela me impusesse algemas. Desde que despisse o uniforme. Outra, em Berlim, dividiu comigo a fila da lanchonete, toda olhares. Inda acabo preso por uma dessas policiais. 3. Sobre viajar sozinho Minha amiga Rosanna me perguntou sobre passar o Natal a sós. Sabem, o Natal também pode ser uma festa privada. Além do mais, é pra isso que foram inventadas essas cidades asiáticas, não é mesmo? Estarei em Hong Kong, onde o X-mas não é mais que uma ementa ao já vasto arsenal de motivos para as vendas. Pensando bem, não é tão diferente assim dos nossos natais... 4. Perguntei no hotel, em Berlim, onde ficavam os restos do famoso muro (a cidade tem cicatrizes dessa vergonha, assinaladas em muitas ruas). Responderam-me que atrás do prédio vizinho começava um trecho de dois quilômetros de muro. Vencido o quase quilômetro do prédio em questão, cheguei ao muro. Uma construção bisonha, de uns dois metros de altura, feita de tabletes finos de concreto. Foi erguido para “proteger” os cidadãos da República “Democrática” Alemã das maldades do imperialismo da vizinha República Federal Alemã. Visto pelo lado ocidental, era só um muro, mas no lado comunista, era precedido de uma zona da morte, onde se postavam guardas armados, com ordens de atirar para matar à menor invasão. Os cidadãos da RDA não demonstraram entusiasmo com essa “proteção”. Em verdade, sem o muro, não teria ficado ninguém para apagar as luzes, o que só evidencia o anseio de liberdade que nos caracteriza. O mesmo acontece hoje com a Coréia do Norte e Cuba. Mas essas sociedades não têm força para mandar ao inferno seus tiranos...
5. Sobre muros.
Os EUA estão a erguer um muro na divisa com o México. Para diminuir o número de mexicanos que acorrem a seu território. O capitalismo norte-americano, mais selvagem, atrai mais gente.
Israel constrói seu muro, vergonhoso, para evitar a entrada de palestinos num território que lhes pertencia. Frankfurt, 18 de dezembro de 2007.

Budapeste

Começa a aventura pelo Leste Europeu. Cidade pequena, se comparada com a interminável Berlim. Frio caprichado e neve.
Se parece com Praga, no geral. Saio agora para testar essa hipótese.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

A cerveja

Encorpada, de sabor marcante; pilsen, de trigo ou escura: a cerveja alemã é superior.
Uma caneca de meio litro já basta para o freguês sair marchando; duas são suficientes para derrubar um cavalo (o teor alcoólico é generoso). Os alemães entornam várias.
A Hofbräu, de Munique, é um templo para os apreciadores de cerveja. Uma bandinha bávara tocava umas musiquinhas folclóricas, em instrumentos de sopro. Tudo bem à vontade (isto é, de quando em quando).
Esperimentei uma weiß (de trigo). Depois outra, pilsen.
Desceram bem. O problema é a falta de banheiro nas vias públicas, depois...
As cervejarias de Berlim limitam-se a imitar as de Munique, sem o mesmo sucesso.

Ainda a Alemanha

Nao consegui, em Berlim, comprar um unico bilhete de metro por minha propria conta. Todas as vezes, ou alguém se oferece para me ajudar ou tenho de pedir ajuda, quando ninguem esta testemunhando meu embate com a maquina. Hoje nao foi diferente, em que pese eu ter conseguido mudar o idioma para espanhol e ter encontrado diversas opcoes que em alemao me pareciam misteriosas. As pessoas te ajudam, sao solicitas ou, no meu caso, sentem pena. Berlim, ja encerrando, tem inumeras atracoes de nivel internacional, tipicas das grandes metropolis europeias: museus interminaveis, parques, pracas, jardins. E lojas de luxo. Sao divertidas as lojas de carros, com carros-conceito em exposicao, o que lhes confere um bem-vindo ar de museu. Lotus, Porsche, Ferrari, Bentley e Bulgatti: me impressionaram vivamente.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Alemanha

Desembarquei na Alemanha sem pensar no assunto, sem estudá-la antes. Na pilha de livros ao lado da poltrona em minha sala figura a história da queda de Berlim, na Segunda Guerra.
Parei nos estertores da cidade, em abril de 1945.
As forcas sovieticas combatiam nos bairros da cidade, apos atravessaram milhares de quilometros desde Moscou.
Hitler preparava o suicidio, os "faisoes dourados" (nazistas de alto rango) escapuliam, muitos com destino ao Vaticano.
Berlim (e toda a Alemanha) seria retalhada em quatro partes, de forma a impedir que o coracao da Europa voltasse a reivindicar, algum dia, qualquer hegemonia.
Os estados comunistas, totais, se aguentaram na Europa por quarenta anos, um feito notavel, quando se conhece a insustentabilidade dos delirios socialistas. Depois, um pouco de lucidez conduziu cada qual ao leito normal da vida publica, onde cada pessoa cuida de seus proprios interesses e a somatoria é essa saudavel bagunca às vezes chamada capitalismo.
Inumeros crimes se cometeram naquela Guerra, por todos os seus protagonistas. Bombas de 500 quilos caiam sobre as cidades alemas, mesmo quando a guerra ja estava decidida, e nao havia alvo militar.
Como resultado, quase tudo que se ve na Alemanha é produto de restauracao, reconstrucao ou é simplesmente novo.
Berlim é um canteiro permanente de obras. O que é ótimo.

Kennedy, especialista em frases infelizes, exclamou: "estive em Berlim". Outra frase enigmatica sobre esta cidade é que "Berlim jamais será Berlim". Estive em Berlim, que me pareceu a própria Berlim. E daí?