sábado, 17 de fevereiro de 2007

Sainte-Marie-Madaleine, Paris

Com suas colunas coríntias, esta igreja melhor seria uma templo romano. Começou a ser construída em 1764, atravessou as loucuras da Revolução Francesa (as decapitações aconteciam quase nas suas calçadas, na Praça da Revolução - depois Praça da Concórdia) e foi concluída em 1845, após as presepadas napoleônicas.

Teclado Qwerty

Anotei, certa vez, ao chegar a Paris:
Por incrível que pareça, o avião não caiu nenhuma vez! Hoje, um montão de coisas. Não vou contar agora porque o teclado francês foi feito, bem, por um retardado mental. As letras estão dispostas segundo caprichos que não conhecem o padrão mundial - apelidado Qwerty. Elas trocam de lugar, e escrever se torna uma excruciante procura... Não tem jeito: prêmio IgNobel para esse gênio.
O teclado francês não segue o padrão Qwerty. Deveria?
Jared Diamond, em Armas, Germes e Aço, anotou (p. 248-9): este livro (...) foi digitado em um teclado Qwerty, cujo nome foi extraído das seis letras da esquerda para a direita da fileira superior do teclado. (...) o layout desse teclado foi projetado em 1873 como uma proeza de antiengenharia. Ele emprega uma série de truques perversos destinados a obrigar os datilógrafos a digitar o mais lentamente possível, como espalhar as letras mais comuns por todas as fileiras do teclado e concentrá-las no lado esquerdo (forçando as pessoas destras a usar a mão mais fraca). A explicação dessa bizarrice é que as máquinas de escrever de 1873 emperravam se as teclas adjacentes fossem tocadas numa seqüência rápida, de modo que os fabricantes tinham de reduzir a velocidade dos datilógrafos. (...) experiências com um teclado mais eficiente, em 1932 [quando o problema técnico das teclas adjacentes fora abolido], mostraram que poderíamos dobrar nossa velocidade na datilografia e reduzir nosso esforço em 95 por cento. Mas nessa época o teclado Qwerty já estava consolidado. Era tarde demais: milhões de datilógrafos, a indústria e os vendedores se encarregaram de desencorajar qualquer tentativa de mudança. Não fora “uma decisão tomada em 1882 por uma certa Sra. Longley, que fundou o Instituto de Taquigrafia e Datilografia de Cincinatti, e o sucesso do brilhante aluno de datilografia da Sra. Longley (...) que arrasou seu rival não-Qwerty (...) em um famoso concurso de datilografia de 1888” e hoje talvez estivéssemos digitando em teclados decentes... Os economistas se engalfinham em torno desse problema, que explicita a temeridade de confiar cegamente no “mercado” (que, afinal, criou o teclado Qwerty). Alguns economistas, contudo, dizem que exilar as teclas de maior freqüência nos confins do teclado pode ser benéfico (não sei como), e mostram “pesquisas”, que têm a interesante propriedade de "provar" o que eles desejam. Sabem, isso de economista, ele pode ser honesto, bom pai, bom vizinho e até torcedor do nosso time. Mas é sempre prudente prender o patife. Não custa lembrar: “Com quantos economistas pode-se trocar uma lâmpada?” Três respostas possíveis: (a) Dois – Um para trocar a lâmpada e outro para segurar a escada imaginária. (b) Oito – Um para trocar a lâmpada e sete para garantir que todo o resto permaneça como está. (c) Nenhum – todos estarão esperando que apareça uma mão invisível. Pois bem, e o teclado francês?
Se os franceses queriam marcar posição, poderiam ter adotado o teclado Dvorak, muito mais eficiente, tornando sua economia mais competitiva. Tomar o que já era ruim e piorá-lo, de birra, eis uma conduta digna de prêmio IgNobel.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Volendã, Holanda

"Hidrovias ao redor de cada cultivo, por pequeno, para que patos selvagens, cisnes e outros jantares possam viajar com conforto. Num cruzamento dessas hidrovias julguei ver, de relance, um semáforo em funcionamento e uma família de patos esperando sua vez, enquanto os cisnes obedeciam, ordeiros, o sinal verde, mas o leitor deve considerar o vinho e a pressa do trem."

Vietnã

Campo de arroz ao amanhecer. Norte do Vietnã.

Arles

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Subindo o vulcão

3h30min da madrugada, acordo. Na recepção do hotel, um guia falando inglês, sob holofotes ocasionais de relâmpagos. Uma hora de caminhada depois, estamos perto da cratera. O vento açoita, anima a chuva; os relâmpagos se empolgam e entremostram o topo. Fazemos uma virada à esquerda, andamos paralelos à cratera e chegamos. Café quente, pão recheado com banana e ovos cozidos nos aguardavam. Oferecem refrigerante a 4,5 dólares a garrafinha. Os franceses aceitam. A cratera é modesta; o vulcão é preguiçoso. Em uma furna, garrafas com água fervem com o calor telúrico. Fomos ver outras crateras e seu trabalho recente: um vale de lava escura, com algumas dezenas de anos.
No fim, uma hora de caminhada morro abaixo e não se fala mais nisso.
Bali, janeiro de 2007.

Menina vietnamita

Hue

Show em Hue, centro montanhoso do Vietnã.