Na chegada a Shiraz um velho "sugeriu" o seguro estatal. Aguardei na madrugada quase uma hora pelo visto. Após uma saraivada de perguntas repetitivas, dobrei o burocrata com minha funcional. Vocês não adivinham o amor que desperta num burocrata um plastiquinho embandeirado.
Após apertar os olhinhos no pequeno cartão, dificilmente aceito no Brasil, ele pergunta:
- Judiciário?
- Te falei, rapaz. Judiciário!
- Tipo... ministerial?
- Imperial! Quase sideral! Só estou abaixo do PRE, se já não ultrapassei aquele vadio.
Visto concedido, valor pago, esperei a emissão, e a sagração do carimbo. Um gato passeava sobre os guichês, àquela hora dormidos.
Atrás das gôndolas um motorista brincava de carrinho com minha mala, risonho: vruuuum, vruuuuum!
Ao hotel. Um labirinto que, na urgência da madrugada, me pareceu interminável.
Na portaria um funcionário sonolento apontou meu quarto. Era o primeiro, atrás de uma enorme porta dupla, vermelha, estofada. Liguei o ar e desmaiei. Sobreveio o almoço.
Verifiquei depois que a funcional, na verdade, é a carteirinha de sócio da Afatrems. Coisa pouca.