sábado, 25 de outubro de 2008
Poema
Aos 30
Tirania
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Borges e a realidade
"uma mula tordilha que anda pela chácara de Palermo, no limite desta cidade". Posso vê-la absurdamente clara e pequenina, no fundo do tempo, e não quero somar-lhe pormenores. Que nos baste vê-la sozinha: o confuso estilo incessante da realidade, pontuado de ironias, de surpresas, de previsões estranhas como as surpresas, só recuperável pelo romance, intempestivo aqui. Felizmente, o copioso estilo da realidade não é o único: há o da memória também, cuja essência não é a ramificação dos fatos, mas a perduração de traços isolados. Essa poesia é a natural de nossa ignorância e não procurarei outra.Em outra passagem ele revela que: O mundo é um par de ternas imprecisões e:
confessei a estranheza do mundo.
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Religião
Poetas
O homem só deveria escutar a si mesmo no êxtase sem fim do Verbo intransmissível, forjar palavras para seus próprios silêncios e acordes audíveis apenas a seus remorsos. Mas ele é o tagarela do universo... E.M. Cioran in Breviário de Decomposição. Aos poetas foi dado nomear as aves marinhas e as flores da terra. Que ocupem seus postos. Outras coisas quiseram falar: vidamor, exorbitância. Tudo mentira, nada podem esclarecer. São poetas, apenas, não homens-força. Contribuem com o medo a lágrima quando em mais a aventura esses náufragos que bóiam na superfície do enredo agarrados a dicionário. Uns foram com o vento, espalharam-se; outros com a encantadora de serpentes. Quase poeta interagi com relâmpagos madrugada adentro. Poetas em metades, em quartos foram vistos emancipando semantemas, criando precedentes para a fuga que as palavras perseguem e nós, loucos, sancionamos. Poetas maduros preparam o café para a libação da rara poesia. Aos poetas foi dado, em secreta celebração sob sol e chuva, pedra de riscar nomes à luz das artérias. E um mapa para a criança primeira a ser achada no imenso dia, teu dia. Obs.: "vidamor" me veio independente, espontâneo, dezenas de anos depois de ter ocorrido a Drummond. Embora eu não pretenda que acreditem, uma solução poética pode, às vezes, ser reinventada, revisitada com tardança. Sinto-me honrado por essa estreita (e estrita) imitação do grande poeta, e resolvi mantê-la sem aspas. Campo Grande, 2000.
Como vencer o oceano?
Como vencer o oceano se é livre a navegação mas proibido fazer barcos? C.D.A, Rola Mundo, in A Rosa do Povo Agora é permitido fazer barcos mas proíbe-se navegar. Meus barquinhos apresento:
tão alvo o papel, vejo-os recusados. O mar está calmo, mas não consente embarcação. Em vão recorro à hidrodinâmica, às leis da terra e dos céus: há vedação em estatuto humano. Então lanço meus navios, a procurar em oceanos de sonhos. Janeiro/2002. II. Agora é proibido: embandeirar barcos navegar ou sonhar cabendo o escolho aos infratores. Então lanço-me em atavios a vogar em ermas marés. 13.12.02