sábado, 25 de janeiro de 2014

Simão

Saudades do Corinthians e do Posto Ipiranga: "Amigo, você sabe onde fica a torcida do Corinthians?". "Assaltando o Posto Ipiranga". Rarará!

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Baleias gris

Hoje, em Lopes Mateos, novo encontro com os gigantes.

Logo encontramos uma mãe com um comportamento curioso: ela ficava na vertical, como um totem, observando atentamente o barquinho de turistas famintos de vivências, na distância. 

Seu filhote, olhinhos curiosos, vagava por ali. A certa altura ele se aproxima em ondas e se deixa tocar. Uma fofurice que acariciei inteira com o grave consentimento da mãe titã, ao lado. 

Ontem seguimos uma baleia um tempão. Ela erguia a cauda e ficava, em algum trabalho que não sabíamos. Após belas fotos dessa configuração, o piloto declarou parto realizado. Não acreditei. Eu agora via um bebê. De onde veio?

O sangue na água deu razão ao piloto. Um rebento tinha um mundo inaugural à sua disposição, e cinco turistas por testemunhas e torcedores. Na pura hora, o mundo se tornou mais rico.

Tivemos muito spray de baleia na cara, e muito turista em choque com a beleza dessas criaturas. Finalizei com as cinza, mas talvez volte a sentir os tubarões baleia, aqui em La Paz. Parece que eles já detectaram minha presença, e me chamam.

Tudo sugere existir formas melhores de passar as férias. Gosto desta.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Samuel Pessoa

Toda ação de uma pessoa produz para ela um retorno econômico (isto é, a renda deduzida dos custos), chamado de retorno privado, que não necessariamente é igual ao retorno para a sociedade dessa mesma ação.

Instituições ótimas são aquelas que induzem que os retornos privados, que resultam das ações dos indivíduos, aproximem-se dos retornos sociais. Um marco institucional que não promova esse alinhamento dificulta o crescimento econômico.

Toda vez que as instituições permitem diversas maneiras de gerar renda a indivíduos, sem que esta seja a contrapartida da criação de alguma produção para a sociedade, a economia apresenta problemas de desempenho.

Por exemplo, se, para uma empresa, for mais rentável criar um escritório em Brasília, para brigar por uma isenção de imposto ou por uma alíquota maior de importação, do que investir em inovação tecnológica, a economia sofrerá por causa disso.

A atividade de inovação tecnológica aumenta a renda da economia como um todo, enquanto a atividade de criar uma isenção tributária ou uma alíquota maior de tarifa de importação somente transfere renda dos contribuintes ou dos consumidores ao fabricante.

Toda vez que algum grupo da sociedade consegue pressionar o Congresso Nacional para criar uma isenção de algum tributo ou uma transferência de renda para si, gera-se um retorno privado sem que haja um retorno equivalente para a sociedade. Nessa situação, a eficiência econômica se reduz.

Há inúmeras situações nas quais critérios de equidade social justificam uma redução da eficiência econômica. Esse é o caso, por exemplo, dos benefícios da Loas (Lei Orgânica da Assistência Social), que instituiu a aposentadoria rural não contributiva.

Grand Canyon

Viajamos o dia inteiro para ver essa formação. Chegamos no final do dia. Com luz temperada, pudemos registrar a profundidade desse drama telúrico. 


Vi do alto essa licença poética do rio Colorado, e quase não acreditei. Amarelos e vermelhos em todos os tons permitidos. Bilhões de anos de trabalho escultor, eis o resultado: terraços espantosos assinalam eras e documentam parcelas da eternidade. 


Cirque du Soleil

Quando cheguei o teatro pegava fogo. Labaredas fumavam e voltavam a sua conformada posição, enquanto as pessoas se acomodavam. 

Ka foi um espetáculo movimentado e belo. O palco, um retângulo tridimensional, assume todas as configurações possíveis no espaço da arte do Soleil.

O se desenvolve num palco líquido, e a arte obedece às preferências da água. Os artistas voam dentro e fora da piscina. Ginastas de precisão olímpica desenhando belezas sincronizadas.

Meu show preferido, Love, é livremente baseado nos Beatles.

Performances aconteciam a meio metro da minha poltrona, e sobre nossas cabeças, o tempo todo. Sinestésico. 

Um cidadão lia um jornal que incendiava. Todo ele pegava fogo, aferrado às notícias, tal como usa acontecer comigo. Considero um maravilhamento essas pequenas intervenções do impossível no palco, como se tivéssemos adentrado uma capa do Pink Floyd, sem mais aquela. 

One (Michael Jackson) foi um espetáculo so so, todas as músicas em remix, muito altas. 

Emendei Zumanity no New York, New York, sem outro proveito que apressar a última noite em Vegas. 

Uma funcionária do Cirque lamentava o fim de Alegria no Brasil. Parece que está em cartaz na Europa. Quem sabe?

Baleias

Não sei por onde começar. Minhas primeiras baleias foram jubarte, ao largo de Abrolhos. Elas saltavam contagiando turistas extasiados. 

Encontrei algumas dessas baleias na Antártica, tempos depois, mas não sei se fui reconhecido. 

Vi baleias na Islândia, e também comi inadvertidamente algumas delas na Noruega, sanduba pra lá de incorreto.

Ano passado, na Argentina, acompanhei a beleza da maternidade num berçário chamado Península Valdés. Baleias franca. Mães esforçadas.

Nesta temporada, comecei com baleias cinza em Puerto Escondido, Oaxaca. O piloteiro disse que era azul, mas só as vi ao largo da costa de Loreto, mar de Cortés. Uma longínqua e solitária baleia azul na tarde ensolarada cheia de leões marinhos gritonhos e golfinhos festivos.

Depois, iniciei a presente orgia de baleias cinza. Primeiro, na laguna Ojo de Liebre, Guerrero Negro. Depois, na laguna San Ignacio, com apresentações formidáveis. A certa altura você tem baleias te chamando por todos os lados, e não sabe aonde apontar a lente.

Hoje, aqui em Lopes Mateos, baía Magdalena, assisti ao nascimento de um lindo bebezinho baleia, a poucos metros de minha metranca fumegante. Nascido, prontamente a mãe o iniciou na arte de respirar, amparando-o com seu corpanzil monstruoso. Outro be (parece que toda baleia nessa laguna tem ou terá seu bebê, para sorte da humanidade), mais experiente, se interessou pelo nosso barco, no que era repreendido pela mãe zelosa. Toquei de leve a cauda dessa mãe, no afã de proteger seu rebento, e não me contive.

O respirar da baleia batendo na lente encontrou olhos molhados. 

Antes, nas águas que envolvem La Paz, voltei a mergulhar com tubarões-baleia. Água gélida; tubarões acolhedores. Parece que eles sentem minha necessidade, e compreendem.

Também nadei com ágeis bolas de fofura chamadas leões marinhos da Califórnia, em tudo cachorros carinhosos: dão gostosas mordidinhas, fazem cambalhotas, mordem a nossa nadadeira e depois sobem para um beijo. 

A gritonice dos leões marinhos, o splash das baleias no rosto, a maternidade no azul abissal: devem existir formas melhores de passar as férias. Gosto desta.