domingo, 20 de novembro de 2016
domingo, 16 de outubro de 2016
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
terça-feira, 16 de agosto de 2016
sábado, 13 de agosto de 2016
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
domingo, 24 de julho de 2016
Por que democracias fracassam
SÃO PAULO - "Democracy for Realists", de
Christopher Achen (Princeton) e Larry Bartels (Vanderbilt), é um livro
importante. Os autores basicamente destroem nossas mais caras ideias sobre a
democracia. E o fazem com a força de evidências.
O livro começa detonando o que os autores chamam de
teoria popular da democracia. É a noção de que o indivíduo, na hora de votar,
faz escolhas conscientes entre as várias propostas apresentadas pelos
candidatos. Para Achen e Bartels, isso é muito mais religião do que ciência.
O que os dados relativos a séculos de eleições em
vários países mostram é que o eleitor não tem estrutura cognitiva nem
disposição para agir assim. Ele não estuda em detalhe cada ponto das propostas.
Prefere dedicar-se a coisas como trabalho, família etc. e acaba escolhendo o
candidato com base em emoções ditadas por lealdades sociais. Quando há a opção
da democracia direta, frequentemente a maioria toma a decisão errada. Foi assim
que várias comunidades dos EUA rejeitaram a fluoretação da água. Mais
recentemente, os britânicos decidiram sair da UE, outro verdadeiro tiro no pé.
Teorias mais acadêmicas de justificação da democracia,
como a de que o sistema funciona porque o eleitor recompensa e pune dirigentes
de acordo com seu desempenho, não se saem muito melhor. Não é que isso nunca
ocorra. O problema é que há tanto ruído nesse processo que ele se parece mais
com um sorteio do que com um método racional de decisão. Os autores mostram,
por exemplo, como ataques de tubarões afetaram a reeleição do presidente
Woodrow Wilson em 1916.
Achen e Bartels não são, porém, golpistas. Eles defendem
a democracia, mas por razões que muitos considerariam laterais, como favorecer
a liberdade de expressão, a segurança jurídica e, principalmente, a alternância
do poder. Para eles, não devemos exigir da democracia mais do que ela é capaz
de oferecer.
terça-feira, 17 de maio de 2016
quarta-feira, 30 de março de 2016
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Helio Schwartsman
"Minha terra tem
palmeiras,/ Onde canta o Sabiá;/ As aves, que aqui gorjeiam,/ Não gorjeiam como
lá." O Brasil é um país poético, se admitirmos a definição pessoana de que
o poeta é um fingidor. O Brasil finge tão completamente que chega a acreditar
em seus fingimentos.
Adoramos nos ver como
gente responsável e solidária, que dá prioridade ao que deve ser prioritário.
Por isso, determinamos em lei rígidas vinculações orçamentárias que assegurem
que jamais faltarão recursos para a saúde e a educação.
As boas intenções, porém,
têm o péssimo hábito de esbarrar nos ditames da realidade. É por isso que,
desde 1994, aprovamos as famosas DRUs, as desvinculações de receitas de União,
que permitem aos governantes de turno ignorar parte das vinculações, isto é, cortar
dinheiro da saúde e da educação. O truque é infantil, mas, por alguma razão, a
sensação de dever cumprido não é inteiramente eliminada.
Gostamos de nos ver como
uma democracia moderna e vibrante e, por isso, promovemos consultas públicas
que mobilizam todo o país, como se viu agora no caso da discussão sobre o
currículo nacional. Não se destaca que o MEC não tem como processar (isto é,
ler) as 10 milhões de contribuições que cidadãos levaram ao site do ministério,
o que implica as comissões farão o que lhes der na telha, sem dar muito peso à
participação popular.
Orgulhamo-nos de ser uma
nação soberana e, por isso, baixamos uma lei que garante à Petrobras, orgulho
nacional, participação em todos os campos petrolíferos do pré-sal. Não importa
tanto que a Petrobras esteja atolada em dívidas e que a regra hoje só sirva
para apertar ainda mais as finanças da empresa. Não nos curvamos ao
imperialismo ianque.
Talvez seja a hora de
fingir um pouco menos e sermos mais práticos, ainda que tenhamos de abrir mão de
parte da poesia nacional.
domingo, 7 de fevereiro de 2016
Depressão
Circula na praça uma versão da velha piada sobre a diferença entre recessão e
depressão. Na recessão, seu vizinho perde o emprego. Na depressão, você também
o perde. Recuperação é quando dilma perde o emprego (e é enforcada, incidentalmente).
terça-feira, 26 de janeiro de 2016
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Monica De Bolle
Para impedir que a
desvalorização do real se transformasse em pesadelo inflacionário ainda pior do
que o aumento de quase 11% dos preços em 2015, o Banco Central acaba de
anunciar prejuízo de 1,5% do PIB, ou cerca de R$ 90 bilhões de reais no ano
passado.
A perda deve-se à forma
como a autoridade monetária brasileira intervém nos mercados de câmbio desde
2013, usando os chamados swaps cambiais. Nessas operações, o Banco Central
entrega ao investidor a variação do dólar em relação ao valor futuro
predeterminado no contrato e em troca recebe a variação dos juros de mercado no
mesmo período. Como as operações são efetuadas em moeda doméstica, não há perda
de reservas. Ou assim nos dizem.
Em 2013, quando essas
operações se avolumaram, o motivo era oferecer proteção aos investidores contra
as bruscas oscilações do câmbio vinculadas ao fim dos estímulos monetários
excepcionais nos EUA. Na época, o temor dos mercados de que a liquidez
internacional se esvaísse diante da mudança de postura do Federal Reserve (Fed)
induziu fortes desvalorizações de moedas emergentes, entre elas do real.
Contudo, quando o tumulto acabou, nosso BC não se fez de rogado. Continuou a
prover “proteção” aos investidores, embora estivesse ficando cada vez mais
claro que o intuito verdadeiro era conter o deslizamento da moeda brasileira.
Contenção que fez o estoque total de swaps cambiais alcançar cerca de US$ 120
bilhões. Como o real só sofreu desvalorizações nos últimos tempos, ao estoque
considerável somaram-se as perdas aviltantes. Aviltantes posto que são forma
perversa de tentar esconder o óbvio: o câmbio flutuante do Brasil quase não
flutua. Ou, quase não flutua de acordo com as pressões existentes no mercado.
Finge-se que o instrumento para controlar a inflação ainda são os juros,
enquanto a hemorragia cambial só aumenta.
A perda de 1,5% do PIB
registrada no ano passado é apenas parte das verdades escondidas. A outra parte
é o mito de que dispomos de reservas de cerca de US$ 370 bilhões. Se
interpretarmos os estoque de US$ 120 bilhões em swaps como um fluxo negativo de
capitais que ainda não se concretizou, nossas reservas são de US$ 250 bilhões,
ou 30% menores do que nos dizem.
Diante do estado
lastimável da economia brasileira, a hemorragia haverá de continuar. Com ela,
as verdades escondidas, cada vez mais nítidas.
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