quinta-feira, 25 de maio de 2006

Abismo Anhumas

Num semicírculo, profetas fosforescentes se revelam na luz que colhe o Anhumas em tons azuis. Vigio do alto essa ocorrência interessado em silencioso discurso dependurado a 70 metros do espelho de um secreto lago. Constam mastodontes, preguiças gigantes em suas profundezas escuras, e dois mergulhadores intrometidos perturbando o respeitável sono de coisas há milênios recolhidas a mistérios. Fósseis de formas ancestrais de vida, extintas sob a supervisão das eras, imersos numa membrana líquida ao abrigo do manejo humano. O trabalho profuso do calcário escultor ganha uma nave ao interior da terra, lavrando a rara catedral nos recessos do cerrado. O discurso anil de profetas telúricos arrojado em grego ao abismo faz prova dessa luz fria em profunda menção: a terra são silêncios. Vigio do alto essa coerência. Março de 2002.

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