segunda-feira, 31 de julho de 2006

O processo político

Elio Gaspari, que já incursionou pela história recente do Brasil, escreveu, na Folha de São Paulo deste domingo: O Congresso Nacional já foi fechado sete vezes (1823, 1889, 1930, 1937, 1966, 1968 e 1977). Às vezes, foi-se embora numa ventania que mudou o regime (1889, 1930 e 1937), mas houve casos em que o pretexto foi uma votação na qual o governo saiu derrotado (1968 e 1977). O Congresso não produz crises institucionais, mas é sempre seu estuário. Chega uma hora em que o seu recesso parece solução de um problema, quando é apenas um truque do Executivo para impor sua vontade. Em 1968 o problema não esteve na negativa da licença para se processar o deputado Márcio Moreira Alves. A crise estava na anarquia militar. Em 1977, o congelamento de uma reforma do Judiciário foi, documentadamente, puro pretexto. O que o governo queria era garantir eleições indiretas nos Estados e fabricar uma maioria no Senado. Gaspari parece temer que um autocrata, recém-eleito, use algum pretexto para instituir nova farsa republicana. Não acredito nisso. O problema é que o processo político já não medeia soluções, exigidas pela sociedade. Ver a China crescer onze por cento ao ano, por décadas a fio, sem qualquer justificativa razoável, produz muita ansiedade e perguntas. Que diabos o Brasil está fazendo? Por que até a Índia, a Geni entre os países pobres, cresce mais que nós? A China não tem um Judiciário digno desse nome, não garante os investimentos de ninguém e está pouco se lixando para direitos autorais ou lealdade no comércio com outros povos. Seu sistema bancário acumula créditos podres impagáveis. A montanha de dólares oriunda das exportações (1 trilhão de dólares) são investidos em papéis do tesouro americano, e assim retroalimenta o delírio consumista norte-americano. No entanto...
A conclusão é que o processo político brasileiro está falido e não há perspectivas. Pelo menos, não temos aventureiros à vista. E o Congresso pode gazetear à vontade...

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