1. Tatajuba.
Disparo de moto por praias e dunas. Pela tarde encomendada, dunas e estirões infindos. Na mesa posta dentro da lagoa de Tatajuba, lagostas antes das lagoas de mais tarde.
O leitor pode ter consigo ser natural o direito à lagosta grelhada pela qual te pediram 45, e você mandou 20 reais.
As moscas daqui filosofam de outra maneira. Para elas a propriedade, muitas vezes, é um roubo (infelizmente, é o caso de lagostas grelhadas).
Você pode pensar que as moscas não são muito dadas a filosofias, e provavelmente estará certo com relação às moscas de quase todos os lugares que merecem uma visita. As destas lagoas são extremamente versadas nesta filosofia em particular.
Outrora escrevi, sobre moscas de outra parte do mundo:
"Chegada ao Outback.
Vocês pensaram que as moscas eram assunto superado, não é mesmo? Pois elas estão aqui. Todas elas. E não adianta abanar. Se elas gostarem de vocês (elas vão gostar), abanar poderia magoá-las. Deixem que fiquem.
São de um tipo pequeno, bem pequenininho, e tenazes."
2. Jijoca.
Chego a Jijoca, essa Jijoca não muito grande, não muito importante, sobre a qual adejam nuvens de chuva. O nome não é muito sóbrio, e o nome completo – Jijoca de Jericoacoara – só é bem manejado por bêbados.
No dia seguinte, de quadriciclo, cavalos-de-pau entre dunas e praias. Criança tardia, ataco as areias creme; deixo-me informar pelas fofocas do vento, brincalhão. Abordo dunas e desço de suas encostas, só para, irado, cair em cima de riachos sossegados, em busca do mar.
Esquecida, a lente da máquina alimenta-se de muita areia, lodo e algas.
Pelo caminho, vilarejos; crianças na janela saudando a arruaceira tropa de portugueses, franceses, fluminenses e baianos.
À tarde, o Preá, praia e vila de pescadores onde os robalos resolveram ser saborosos.
A padaria Santo Antônio expende pãezinhos às duas da madrugada, e todos ali batem o ponto. Horário ingrato, encomendei os meus para as sete. Além dos pães, o café é primoroso.
Jeri sugere respostas a certas perguntas: “que farei de mim neste ano?” ou “haverá um país?”.
3. Fortaleza.
Paguei vinte reais para ver um forró. Outro tanto pelo jantar. Não houve jeito de o show convencer. O jantar também não. “Moça, me dá meu vintão?", cheguei a cogitar. Arre égua.
Já o carneiro do Ordoni (acho que é esse o nome) convence. No lugar não há turistas. Só carneiros assados, deliciosos.
Well...
2 comentários:
Gerson,
Obrigado pelas simpáticas palavras que deixou na minha tasca.
Gosto muito do estilo do seu texto supra. Poesia ritmada na bigorna da prosa.
O últimoa parágrafo sobre a culinária do carneiro foi algo desagradável para mim por razões óbvias.
Ora, Carneiro, quê qué isso!
Ninguém iria querer se desfazer de um ciclista tão habilidoso com as palavras...
Seus textos são hilários (no bom sentido), inteligentes e elegantes.
Brigadão.
Postar um comentário