FRANK RICH, no NYT de hoje:
Três dias depois de o mundo descobrir que US$ 50 bilhões podem ter sumido na pirâmide financeira de Bernie Madoff, o "New York Times" divulgou, em 14 de dezembro, a revelação de outro golpe de US$ 50 bilhões. Desta vez a bolada pertencia aos contribuintes americanos. Foi essa a sua contribuição coletiva aos US$ 117 bilhões gastos (até meados de 2008) com a reconstrução do Iraque - um sumidouro de corrupção, clientelismo, incompetência e furto puro e simples, espécie de resumo do governo de George W. Bush dentro e fora dos EUA.
A fonte dessa notícia foi a versão quase final de um relatório de 513 páginas do governo federal a respeito deste fiasco americano.
O relatório cita autoridades do calibre de Colin Powell para mostrar como o golpe funcionava. Powell disse que, em 2003, o Departamento da Defesa "inventava números das forças de segurança iraquianas - o número saltava em 20 mil por semana! 'Agora temos 80 mil, agora temos 100 mil, agora temos 120 mil'". Quem questionou essas incríveis cifras foi tratado como tolo, assim como quem implorou em vão para que a SEC (órgão que regulamenta o setor financeiro) contestasse a matemática de Madoff.
(...) Dawn Johnsen, professora de direito e ex-funcionária do governo Clinton (1993-2001), foi recentemente escolhida para dirigir o Escritório de Consultoria Jurídica do Departamento da Justiça.
É o mesmo departamento onde John Yoo, um burocrata do governo Bush, produziu o seu infame memorando justificando a tortura. Johnsen é uma crítica contumaz de tais abusos constitucionais. Em artigos escritos no ano passado, ela estranhava a ausência "do ultraje, do clamor público" contra um governo que agiu ilegalmente e não respeitou "os limites legais e morais da decência humana". "Como salvaremos a honra do nosso país, e a nossa própria?", perguntava.
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