Passado século e meio desde que
Darwin lançou suas idéias, corre o dissenso. As pessoas exigem provas menos
acadêmicas desse evento difícil, a evolução.
Cangurata (canguru e barata): é injustamente odiado, só porque, às vezes, acontece de os armários em que sobe desmontar. Destrata imparcialmente cães e gatos.
Polvardo (polvo e leopardo): passa metade das temporadas nos oceanos, metade nas savanas. Muito articulado, é todo agilidade. Capaz de passar dos 100 km/h, solta uma tinta confundindo predadores, em falhando outras táticas. Na água, aprendeu a zombar dos tubarões, com seus “dentinhos de leite”.
Canguceronte (canguru e rinoceronte): bom jabeador. Ótimo empalador.
Morangotango. Descoberto por uma criança, não pode ser pensado, senão após investimento em sonhos e licenças. Precariamente equilibrado entre dois reinos, admite mordidinhas, mas também vive a amizade de galhos e da brisa fresca. Um morangotango maduro traz não pouca alegria, sendo o preferido das crianças, e também o nosso. É ademais sonoro.
Temos tantos fósseis, tantas
demonstrações, não sei o que poderia encerrar essa cizânia, célebre. Parece que
alguns se dariam por satisfeitos com criaturas híbridas, a meio caminho entre
um e outro organismo conhecido.
No afã de contribuir, quis um
mundo com o tipo de coisa que traria conforto a esses indecisos. Ignoro o grau
de verossimilhança desses seres, e não quero adicionar-lhes detalhes que não
estes:
Elefanzé:
intermediário entre o elefante e o chimpanzé, é difícil não se comover com a
ingente missão desse extraordinário animal. Sem conseguir saber se trepa numa
árvore, com seus braços de mais de cinco metros, ou se a derruba com suas
presas, um elefanzé imaturo traz não pouca perplexidade a seus pais.
Crocopato:
simpático animalzinho, abandonou as imposturas dos crocodilianos e explicitou,
finalmente, o parentesco entre aves, dinos e seus primos, os crocs.
Rãcaco: misto
de rã e macaco, é excelente saltador, sem falar que, uma vez no galho de uma
árvore, navega aereamente a floresta, em franco desacato à categoria das
cobras. Rivaliza com os exibidos colugos.
Cãopótamo: amigo
das piscinas, essa dócil criatura admite cavagaldura de crianças. Sua bocarra
poderia abarcar o mundo, se este fosse só um pouquinho menor.
Cangurata (canguru e barata): é injustamente odiado, só porque, às vezes, acontece de os armários em que sobe desmontar. Destrata imparcialmente cães e gatos.
Polvardo (polvo e leopardo): passa metade das temporadas nos oceanos, metade nas savanas. Muito articulado, é todo agilidade. Capaz de passar dos 100 km/h, solta uma tinta confundindo predadores, em falhando outras táticas. Na água, aprendeu a zombar dos tubarões, com seus “dentinhos de leite”.
Cãobuti (cão e jabuti): desanimadoramente lento,
embora aplicado, desaconselha-se seu emprego como guarda ou guia. Não é
infreqüente sua ida à caçarola.
Canguceronte (canguru e rinoceronte): bom jabeador. Ótimo empalador.
Morangotango. Descoberto por uma criança, não pode ser pensado, senão após investimento em sonhos e licenças. Precariamente equilibrado entre dois reinos, admite mordidinhas, mas também vive a amizade de galhos e da brisa fresca. Um morangotango maduro traz não pouca alegria, sendo o preferido das crianças, e também o nosso. É ademais sonoro.
Elerus. Também atende pelo nome vifante: estarrecedora mistura
de elefante com vírus, essa criatura é o exercício do temerário levado às
últimas conseqüências. Tão virulento quanto seus primos menores, it´s massive! Pensa numa infecção com esse cara,
irmãozinho. E a vacina? Pensou na vacina?
Cangulesma.
Infeliz reunião de canguru e o invertebrado, o animal vive dilemas
entristecedores. Sua galhardia em saltar e vencer distâncias é frustrada pela
gosma paralisante, mãe da interdição e do asco.
Insensata junção do narval com
o pernilongo, o narlongo dispõe de um vazado dente de marfim,
com cerca de 3 metros, e o apetite próprio dos pernilongos. A simples menção
desse nome basta para instalar o pânico entre os marinheiros e mergulhadores
que prezam o próprio sangue, ainda que se saiba de sua preferência pelo sangue
azul das baleias.
Em uma escola
pública certa vez deparei com as seguintes colaborações, originais e válidas:
vacamelo, baleão, leonça, ovelhótamo e cabaleia. Vacamelo eu compreendo. É quase impossível evitá-lo. Pergunto "como
pode o baleão, amplamente difícil?" As crianças
não explicam.
Seja como for eu não poderia terminar esta lista sem o inacreditável, o impensavelmente maldoso, mil vezes bandido – o tristemente feroz e culpado bufaleão.
Conquanto ridículo postular animal tão gratuitamente grotesco e perverso, o bufaleão habita meus pesadelos, incapaz de decidir se é presa ou predador, búfalo ou leão. Não tenho como descrever todas as deslealdades desse animal, fonte de todo constrangimento para os pobres zoólogos.
Melhor renunciar a ele, leitor.
Seja como for eu não poderia terminar esta lista sem o inacreditável, o impensavelmente maldoso, mil vezes bandido – o tristemente feroz e culpado bufaleão.
Conquanto ridículo postular animal tão gratuitamente grotesco e perverso, o bufaleão habita meus pesadelos, incapaz de decidir se é presa ou predador, búfalo ou leão. Não tenho como descrever todas as deslealdades desse animal, fonte de todo constrangimento para os pobres zoólogos.
Melhor renunciar a ele, leitor.
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