Tive receio de ler, nas
páginas iniciais:
Não é óbvio?
Ou então: se você precisa perguntar... não vai entender a resposta...
Meston e Buss, pesquisadores, trazem centenas de depoimentos curtos de mulheres, identificadas segundo as preferências sexuais declaradas. Alguns são engraçados, outros surpreendentes, e outros esclarecedores - mas apenas se os supusermos representativos de uma parcela das mulheres. E isso não é garantido.
Os autores observam, fiando-se em exames de DNA, que "12% das mulheres engravidam de outros homens que não seus parceiros fixos; portanto, adotam a estratégia dupla de conquista."
Se 12% das gravidezes são "de outro", qual a taxa total de infidelidade feminina, preocupado leitor? Dá uma pensada. Os autores arriscam: "pelo menos 50% das mulheres casadas (...) terão pelo menos um caso a dada altura de seu relacionamento." Sério.
Isso me lembra minha camiseta da sorte, que sempre uso em viagens, para me exibir nas imigrações mundo afora, fazer amigos e influenciar pessoas. Com essa camiseta, veja o que aconteceu comigo, em um país islâmico:
- e aí, qué que tá escrito aí, nessa camiseta?
Em outra passagem, citando a abordagem evolucionista, registram que o "ciúme (...) é uma emoção que evoluiu para ser acionada em caso de ameaça a um relacionamento valorizado."
A estratégia feminina universal de provocar o ciúme do parceiro (ou pretendido parceiro) tem o propósito de aumentar seu comprometimento, corrigindo um déficit de dedicação. Só que essas manobras por vezes resvalam em medidas desesperadas e imprudentes, com resultados dos quais nenhum dos dois têm do que se orgulhar, depois.
Isso de manobras arriscadas, tenho muito a dizer, mas sigamos com o livro: é uma resenha.
O que explica, afinal, a divisão em homens e mulheres? Não seria menos desgastante que os indivíduos fossem hermafroditas? As lesmas do mar têm quatro sexos, cada uma, e se juntam para festinhas verdadeiramente animadas no fundo do mar.
Por outra: não seria melhor se pudéssemos embaralhar nossos próprios genes, sem sair por aí comprando ferraris ou fazendo plásticas?
Well... Fazemos sexo para garantir a variabilidade dos genes, num resumo temerário de centenas de milhões de anos de caos evolutivo, ignorando a função exclusivamente recreativa de hoje em dia...
Em Sexo e as origens da morte William R. Clark explica:
Pensemos um pouco: por que gostamos de comida açucarada e/ou gordurosa? "Não é óbvio?", diriam os incautos. Nada é óbvio aqui. Gordura e açúcar disparam sinais bioquímicos no cérebro, iguais a fel ou chuchu. Os animais empreenderam uma intrincada e custosa engenharia para garantir que essas substâncias disparem monoaminas associadas ao prazer, garantindo sua busca incessante (como é que certas substâncias significam prazer é outra pergunta, ligada ao problema geral das representações na mente, insondável).
Por ora devemos aceitar que o cérebro é capaz de rotular algo como prazeroso e outras coisas como desprazerosas (e não importa o nosso julgamento, circunstancial).
Isto é assim exatamente porque, na história evolutiva, as coisas marcadas com prazeroso garantiam a sobrevivência do indivíduo. Entre elas: gordura, açúcares, amizade, renome, força e compleição física e, claro, sexo. Abundante e recursivo, no caso dos homens; com o macho alfa, no das mulheres.
É por isso que as mulheres fazem sexo, mas ainda não respondemos à pergunta mais interessante: por que elas desejam menos sexo que nós, homens?
Uma resposta, que explicita assimetrias fundamentais na atitude: porque fazem pesado e desproporcional investimento parental nos filhos, do qual nove meses de gravidez é a parte mais fácil. O parto era, até pouco tempo, uma sentença de morte comutável. Daí que procurar o melhor pacote de genes ofertado no mercado - em vez de cair na farra com todos os homens disponíveis - é a estratégia ótima, e se estabilizou evolutivamente.
Os homens somos assaltados pela necessidade de sexo, o que significa que as mulheres podem escolher, pois estão em demanda. Temos uma percepção sexual exagerada: as mulheres estão sempre em falta. Dada a nossa libido desvairada, nunca temos oferta de sexo o bastante. E quem está em demanda tem vantagens óbvias na barganha. Daí que as mulheres escolhem, e têm a última palavra na relação sexual.
Existem sutilezas nessa escolha, porque ela é circunstanciada (entre os homens existentes numa certa época e local) e dirigida (pressão para ter algum homem), gerando um excesso para os dominantes e uma carência para os demais.
Além disso, será mesmo seguro afirmar que as mulheres desejam menos sexo que nós? Well... Se elas desejam tanto quanto nós, têm um autocontrole tão impiedoso que vem a dar no mesmo: muito menos sexo do que gostaríamos, em qualquer época ou sociedade.
Por que as mulheres fazem sexo? Não houvesse outros motivos, o sêmen é importante fonte de hormônios para a mulher, podendo alterar-lhe o humor. Por fim, sexo é grande promotor de longevidade, embora com impactos distintos entre homens (freqüência) e mulheres (qualidade).
Moral da história: faça o melhor sexo que você puder, na maior quantidade possível. Essa parte fui eu que acrescentei, com o perdão das leitoras e leitores.
Não é óbvio?
Ou então: se você precisa perguntar... não vai entender a resposta...
Meston e Buss, pesquisadores, trazem centenas de depoimentos curtos de mulheres, identificadas segundo as preferências sexuais declaradas. Alguns são engraçados, outros surpreendentes, e outros esclarecedores - mas apenas se os supusermos representativos de uma parcela das mulheres. E isso não é garantido.
Os autores observam, fiando-se em exames de DNA, que "12% das mulheres engravidam de outros homens que não seus parceiros fixos; portanto, adotam a estratégia dupla de conquista."
Se 12% das gravidezes são "de outro", qual a taxa total de infidelidade feminina, preocupado leitor? Dá uma pensada. Os autores arriscam: "pelo menos 50% das mulheres casadas (...) terão pelo menos um caso a dada altura de seu relacionamento." Sério.
Isso me lembra minha camiseta da sorte, que sempre uso em viagens, para me exibir nas imigrações mundo afora, fazer amigos e influenciar pessoas. Com essa camiseta, veja o que aconteceu comigo, em um país islâmico:
- e aí, qué que tá escrito aí, nessa camiseta?
- Só Alá é Deus, rapaz!
- e nas costas?
- Maomé é seu profeta,
oras bolas! (na verdade está escrito: "tem um corno me olhando" e,
atrás, "continua me olhando!" Comprei-a a propósito da imigração de
Portugal).
Em outra passagem, citando a abordagem evolucionista, registram que o "ciúme (...) é uma emoção que evoluiu para ser acionada em caso de ameaça a um relacionamento valorizado."
A estratégia feminina universal de provocar o ciúme do parceiro (ou pretendido parceiro) tem o propósito de aumentar seu comprometimento, corrigindo um déficit de dedicação. Só que essas manobras por vezes resvalam em medidas desesperadas e imprudentes, com resultados dos quais nenhum dos dois têm do que se orgulhar, depois.
Isso de manobras arriscadas, tenho muito a dizer, mas sigamos com o livro: é uma resenha.
O que explica, afinal, a divisão em homens e mulheres? Não seria menos desgastante que os indivíduos fossem hermafroditas? As lesmas do mar têm quatro sexos, cada uma, e se juntam para festinhas verdadeiramente animadas no fundo do mar.
Por outra: não seria melhor se pudéssemos embaralhar nossos próprios genes, sem sair por aí comprando ferraris ou fazendo plásticas?
Well... Fazemos sexo para garantir a variabilidade dos genes, num resumo temerário de centenas de milhões de anos de caos evolutivo, ignorando a função exclusivamente recreativa de hoje em dia...
Em Sexo e as origens da morte William R. Clark explica:
(...) do ponto de vista biológico, “sexo” e “reprodução” são dois fenômenos inteiramente não-relacionados. O sexo refere-se somente à troca ou recombinação de toda ou parte da informação genética – o DNA – entre dois membros da mesma espécie. Reprodução é simplesmente isso – a reprodução de cópias adicionais de uma dada célula. “Reprodução sexuada”, portanto, significa troca de informação genética em combinação com a reprodução celular.
Na forma mais simples de vida, sexo é assim: dois indivíduos unicelulares se conjugam, permutando parte do acervo genético. O processo de fissão garante que cada uma delas fique com cópias de cromossomos ligeiramente embaralhados e recombinados, o que significa dizer que aumentou a variação genética, uma maneira de as espécies conseguirem se adaptar a um ambiente em transformação, permitindo ainda o reparo ou a eliminação de erros genéticos. O sexo rapidamente tornou-se a forma dominante de reprodução entre todas as formas de vida subseqüentes. (Vide minha resenha, abaixo)
Por que as mulheres fazem
sexo? Por inúmeros motivos, muitos deles idênticos aos dos homens, mas com
ênfases e focos diversos: atração, curiosidade, test
drive, para praticar (porque a prática é o caminho da perfeição),
variedade, personalidade aventureira, troca por benefícios e vantagens,
caridade, frustração, tédio, desespero, dever, comércio etc (esse é um grande etc).
Pensemos um pouco: por que gostamos de comida açucarada e/ou gordurosa? "Não é óbvio?", diriam os incautos. Nada é óbvio aqui. Gordura e açúcar disparam sinais bioquímicos no cérebro, iguais a fel ou chuchu. Os animais empreenderam uma intrincada e custosa engenharia para garantir que essas substâncias disparem monoaminas associadas ao prazer, garantindo sua busca incessante (como é que certas substâncias significam prazer é outra pergunta, ligada ao problema geral das representações na mente, insondável).
Por ora devemos aceitar que o cérebro é capaz de rotular algo como prazeroso e outras coisas como desprazerosas (e não importa o nosso julgamento, circunstancial).
Isto é assim exatamente porque, na história evolutiva, as coisas marcadas com prazeroso garantiam a sobrevivência do indivíduo. Entre elas: gordura, açúcares, amizade, renome, força e compleição física e, claro, sexo. Abundante e recursivo, no caso dos homens; com o macho alfa, no das mulheres.
É por isso que as mulheres fazem sexo, mas ainda não respondemos à pergunta mais interessante: por que elas desejam menos sexo que nós, homens?
Uma resposta, que explicita assimetrias fundamentais na atitude: porque fazem pesado e desproporcional investimento parental nos filhos, do qual nove meses de gravidez é a parte mais fácil. O parto era, até pouco tempo, uma sentença de morte comutável. Daí que procurar o melhor pacote de genes ofertado no mercado - em vez de cair na farra com todos os homens disponíveis - é a estratégia ótima, e se estabilizou evolutivamente.
Os homens somos assaltados pela necessidade de sexo, o que significa que as mulheres podem escolher, pois estão em demanda. Temos uma percepção sexual exagerada: as mulheres estão sempre em falta. Dada a nossa libido desvairada, nunca temos oferta de sexo o bastante. E quem está em demanda tem vantagens óbvias na barganha. Daí que as mulheres escolhem, e têm a última palavra na relação sexual.
Existem sutilezas nessa escolha, porque ela é circunstanciada (entre os homens existentes numa certa época e local) e dirigida (pressão para ter algum homem), gerando um excesso para os dominantes e uma carência para os demais.
Além disso, será mesmo seguro afirmar que as mulheres desejam menos sexo que nós? Well... Se elas desejam tanto quanto nós, têm um autocontrole tão impiedoso que vem a dar no mesmo: muito menos sexo do que gostaríamos, em qualquer época ou sociedade.
Por que as mulheres fazem sexo? Não houvesse outros motivos, o sêmen é importante fonte de hormônios para a mulher, podendo alterar-lhe o humor. Por fim, sexo é grande promotor de longevidade, embora com impactos distintos entre homens (freqüência) e mulheres (qualidade).
Moral da história: faça o melhor sexo que você puder, na maior quantidade possível. Essa parte fui eu que acrescentei, com o perdão das leitoras e leitores.
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