Existem alguns bons motivos para ler Dawkins.
Ele escreve para leigos, em linguagem acessível, tem bom humor e não fala as bobagens que as pessoas querem ouvir.
Sua idéia mais original é polêmica, entre biólogos. Ele sustenta que a unidade da evolução é o gene, não o indivíduo, e muito menos a espécie. Ou seja: o que sofre pressão para evoluir são os genes, e são eles os favorecidos pela seleção natural.
Seus críticos dizem que uma das conseqüências disso é que os seres humanos passariam a meros vetores de genes, alheios a todo desígnio ou intenção. Não vejo assim. Meus genes podem até me dispor para certas coisas, e condicionam minhas escolhas, mas eu ainda me sinto no comando (se é que alguém está).
Outra idéia prolífica é a do fenótipo estendido, que considera a cultura como extensão necessária do acervo genético humano. Fenótipo, para o leitor esquecido, é toda a expressão dos genes (genótipo é o código digital de quatro bases nitrogenadas que constitui os genes). O corpo humano é um fenótipo, algo que os genes, concertadamente, construíram e mantêm.
Ao incluir tudo que a mente humana elabora como expressão dos genes, magnifica-se o fato de que nestes está a chave para a compreensão da conduta humana, qualquer que seja ela.
O enciclopédico E. Mayer descartou as idéias de Dawkins sem ao menos discuti-las analiticamente, o que desaponta.
Conforta-me saber que estas linhas não excluem a leitura de Dawkins e seus críticos.
Brasília.
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