quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Munique

O tíquete profetizava chegada às 10h04min. Chegamos às 10h02min. Tamanha impontualidade não é bem-vinda. Ao desembarcar, lembrei que não tinha anotado nome e endereço do hotel. Após alguma hesitação, achei uma lan house. Tendo gasto metade do orçamento do dia (50 centavos de Euro), localizei o hotel. Ficava a uns 17 passos de onde eu estava. Após o ritual da mala, saí para caminhar. Cidade lotada, repleta de acenos, apesar da chuva gélida e do vento. Almocei numa das mais antigas cervejarias da cidade e consultei a memória. Na década de 1920, certo líder de arruaceiros entrou numa dessas cervejarias (não sei qual) onde estavam o governador da Baviera e anunciou, arma em punho, que, a partir daquele instante, todo o poder na Federacao Alemã lhe pertencia. Apesar do ligeiro equívoco quanto à cidade e às pessoas a coagir, o governador, e outros líderes, assentiram com tão decidida tomada de poder e combinaram o que fariam a seguir. Os freqüentadores da cervejaria, menos afeitos ao jogo do poder, limitaram-se a deplorar aquela chateação. Esse espetáculo ficou conhecido como "golpe da escada de serviço" ou "golpe da cervejaria", obra do sarcasmo dos frequentadores do lugar. O arruaceiro se chamava Adolf Hitler. Anos depois ele empreendeu outro "golpe de mão", dessa vez com mais partidários. O episódio rendeu pouco mais de uma dezena de mortos, inclusive alguns policiais. Hitler cumpriu menos de dois anos de cadeia por essa bravata, e quase foi deportado para seu pais de origem (a Áustria).

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