quinta-feira, 5 de maio de 2011

Banco de investimento

Sobre bancos de investimentos, seu difícil relacionamento, conto minha experiência:

- Sim.
- Aí não é do Pactual, é?
- É.
- Então... Sabe o que é, eu gostaria de investir nesse banco. Vocês ainda fazem investimentos, não é mesmo?
- É possível.
- E ainda toleram clientes?
- Listen! Não saímos por aí gostando de ninguém que tenha menos de um milhão de reais.
- Não, eu também não - disse, para não perder a rica amizade, recém conquistada - mas, será que vocês não poderiam abrir uma exceçãozinha?
- Mas aqui consta - de repente houve um dossiê no desk da funcionária - que você namora uma moça que também tem menos de um milhão de reais. Como é possível?
- Isso de ter menos de um milhão de reais, não sei como foi acontecer, mas estamos quase terminando...
- Não é o que consta, mas vou ver o que posso fazer. Você está pedindo muito!

Depois disso, foi fácil: transferi meu dinheirinho para uma instituição que não estou bem certo se existe, já que nunca fui convidado para um cafezinho. De vez em quando eles até mandam uns extratos, que tento decifrar. Os jornais juram que o Pactual existe, e até foi comprado pelos suíços do UBS, mas receio que os jornais que me chegam abriguem sutis diferenças com a versão de outros assinantes, e que alguns bancos ali mencionados já foram extintos, ou nunca existiram. Depois, passaram a afirmar que foi recomprado por um antigo funcionário, que renunciou ao cargo de office boy para assumir as dores e ingratidões de ser dono do banco. Soletro o nome: André Esteves. Será que existe o nosso Esteves? Que maroto, esse Esteves. Será que ele tem mesmo um banco?

E o que é um banco? Ora essa, quem não sabe o que é um banco? Um prédio alto, imponente, piso de mármore. Usualmente embandeirado. Tem um lance de cofre, boca de lobo, não sei não.

Sempre que ligo, para ver se está tudo bem – com o Esteves e com meu dinheirinho – alguém atende, mas parece não se recordar de uma nossa conta:

- Sim.
- Aí não é do Pactual, é?

Isso foi há muito tempo. Depois tivemos a crise de 2008, e as amizades ficaram menos fáceis. 
   

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