quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Baleias

Não sei por onde começar. Minhas primeiras baleias foram jubarte, ao largo de Abrolhos. Elas saltavam contagiando turistas extasiados. 

Encontrei algumas dessas baleias na Antártica, tempos depois, mas não sei se fui reconhecido. 

Vi baleias na Islândia, e também comi inadvertidamente algumas delas na Noruega, sanduba pra lá de incorreto.

Ano passado, na Argentina, acompanhei a beleza da maternidade num berçário chamado Península Valdés. Baleias franca. Mães esforçadas.

Nesta temporada, comecei com baleias cinza em Puerto Escondido, Oaxaca. O piloteiro disse que era azul, mas só as vi ao largo da costa de Loreto, mar de Cortés. Uma longínqua e solitária baleia azul na tarde ensolarada cheia de leões marinhos gritonhos e golfinhos festivos.

Depois, iniciei a presente orgia de baleias cinza. Primeiro, na laguna Ojo de Liebre, Guerrero Negro. Depois, na laguna San Ignacio, com apresentações formidáveis. A certa altura você tem baleias te chamando por todos os lados, e não sabe aonde apontar a lente.

Hoje, aqui em Lopes Mateos, baía Magdalena, assisti ao nascimento de um lindo bebezinho baleia, a poucos metros de minha metranca fumegante. Nascido, prontamente a mãe o iniciou na arte de respirar, amparando-o com seu corpanzil monstruoso. Outro be (parece que toda baleia nessa laguna tem ou terá seu bebê, para sorte da humanidade), mais experiente, se interessou pelo nosso barco, no que era repreendido pela mãe zelosa. Toquei de leve a cauda dessa mãe, no afã de proteger seu rebento, e não me contive.

O respirar da baleia batendo na lente encontrou olhos molhados. 

Antes, nas águas que envolvem La Paz, voltei a mergulhar com tubarões-baleia. Água gélida; tubarões acolhedores. Parece que eles sentem minha necessidade, e compreendem.

Também nadei com ágeis bolas de fofura chamadas leões marinhos da Califórnia, em tudo cachorros carinhosos: dão gostosas mordidinhas, fazem cambalhotas, mordem a nossa nadadeira e depois sobem para um beijo. 

A gritonice dos leões marinhos, o splash das baleias no rosto, a maternidade no azul abissal: devem existir formas melhores de passar as férias. Gosto desta. 

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