Daniel C. Dennett empreende uma viagem pelos meandros da mente e da psicologia, de um ponto de vista filosófico.
Está consolidada certa tradição filosófica que nega a existência do mundo, de mim e de você, sólido leitor, não importa o que eu e você pensemos disso. Não existiria um mundo real, apenas representações (quiçá “interpretações”) de mundo, culturalmente determinadas.
E seria impossível, em princípio, distinguir entre duas interpretações, tão diversas quanto possível, não importa quão honestos e competentes sejam os intérpretes.
Well, a “interpretação” paquistanesa da bomba atômica guarda notória semelhança com a inglesa ou a soviética, mas esses detalhes não devem fatigar nossos filósofos, que se absolveram de dar uma espiadinha, ainda que ocasional, no(s) mundo(s) à sua volta.
Aprendemos, com Zenão de Eléia, que o movimento é impossível, e muitas outras coisas aprendemos desde então, com Kant, Wittgeinstein, Gödel e tantos outros, que parecem gostar de impor interdições radicais ao que podemos saber ou provar. Deduzimos, de tantos “impossíveis”, o sagrado direito de zombar desses senhores que vivem tentando submeter todo o universo a uma de suas manias.
Dennett não entra nessa roubada.
Mas ele chama a si os raios ao falar daquela “cousa” que não pode ser mencionada. Sem meias palavras, deita falação sobre o livre-arbítrio, último e muito avariado reduto do pensamento religioso. Ocorre que Dennett não escapa do costume filosófico de enquadrar o pensamento dos colegas em ismos, e os enquadrados não se acostumam a suas celas no espaço lógico da discussão.
Daí que vivem organizando rebeliões, pulando de um ismo a outro sem a menor consideração pelos leitores, que não têm como acompanhar essa fatigante dinâmica. Ora esses ismos são meras fachadas, não muito sólidas (algumas não passam de riscas de giz no chão do pensamento, à moda da trilogia de Lars von Trier), e mesmo o enquadramento em vários ismos simultâneos de forma alguma garante que o enquadrado não dê a volta pelos fundos e reivindique uma nova liberdade, insuspeitada, para si e suas idéias.
Do pouco que entendi de seus ensaios, concluí que o problema do livre-arbítrio é falso e inofensivo. Apenas um grande mal entendido.
Não entendi muita coisa, como se vê.
(Daniel C. Dennett, Ensaios filosóficos sobre a mente e a psicologia, Unesp).
P.S: A verdade, dizem os neurocientistas, é que as decisões ditas "livres" são tomadas microssegundos antes de se apresentarem à consciência. E isto já pode ser rastreado. Livre arbítrio é outras das ilusões herdadas da idade média.
Um comentário:
resumindo: tudo é ilusão!! kkkkk
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