Há tempos não elogio ninguém, a ponto de estar com dificuldades de me reconhecer no espelho. Voltando da América Central, semanas atrás, folheei o mais novo livro de Gabriel Chalita, o candidato a qualquer coisa (parece que prefeito, no momento).
O livro, simulando uma acareação (ou pelo menos um diálogo) entre Sócrates e Thomas More, logo nas primeiras páginas se revela uma pequena coleção de tolices, pretextando esses filósofos.
Chalita é escritor prolífico. Confira os títulos: Amor, O Livro dos Amores, Felicidade, Pedagogia do Amor, Gentileza, O Peixe Azul, O Último Pinguim Feliz, A Ética do Rei Menino, Eu Acredito em Milagres, Educar em Oração, A Revolta dos Pequenos, O Livro do Sol e muito, muito mais, leitor insaciável.
Não terminei a obra, nas poucas horas na livraria La Selva de Cumbica. Parece que Chalita escreve um livro com a mesma freqüência, fervor cívico, entusiasmo e consciência limpa com que faço um número dois no banheiro.
Chalita convida os amigos para tertúlias no banheiro ou, antes, para inaugurar uma nova banheira, uma nova sauna, em champanhas. Ele tem visto (e nós também, cada vez com maior interesse - compartilhado pelo Ministério Público) seu patrimônio subir de forma misteriosa e inacreditável: "milagre!" diria o bom católico G.K. Chesterton.
Quanto ao resultado de suas obras, ainda é cedo para um julgamento definitivo, até porque sai uma por semana, ou duas, a depender do nosso azar. Cá entre nós, fico com minhas torres góticas, muito mais sinceras e embasadas.
O livro que tive em mãos se apresenta num papel rude, pior que o de jornal. Apropriado à obra. Chalita: existem usos mais nobres para o papel!
Perdão, leitor, mas não dá pra fingir que não vi. Além do mais, ele fez de novo, e as livrarias alardeiam o pré-lançamento.
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