Se o leitor não se sente confortável quanto à pronúncia, não será punido se disser apenas Pana.
Trata-se de um vilarejo às margens do lago Atitlán, incensado por Huxley. Povo engalanado em vestes tradicionais indígenas, numa rica tapeçaria humana, o que lembra muito a gente das montanhas ao norte do Vietnã, na fronteira com a China. Esses trajes, ricos, não são vendidos, mas transferidos entre as famílias. E o idioma é musical e misterioso.
Atravessando o lago, nos vilarejos menores, você depara com cooperativas de artesãos, pintores, escultores nativos, e vive os dilemas do consumo.
Em San Juan um índio me aliviou de meus últimos dólares, e me confiou um seu trabalho. Não dá pra resistir ao charme e labor autêntico desses descendentes dos maias.
Vindo para Guate (Cidade da Guatemala) reparei nos ônibus, de um colorido psicodélico, tripulados por ferraristas de alma. São máquinas modernas, encarroçadas localmente (pensei), que voam pelas sinuosidades emolduradas por vulcões. Às vezes o passageiro é admitido de inopino, no passeio. O cobrador abre a portinhola traseira, pega o balaio, sobe uma escada pelo lado de fora, acomoda a bagagem no teto, desce a escada, pula para a oposta, abre a escotilha e se aconchega junto aos passageiros. Tudo com o ônibus em furiosa passagem montanha acima e abaixo.
Não concordo com os riscos assumidos, mas é bonito ver o trabalho desses acrobatas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário