Laurence
Wright descreve, em tom jornalístico, a saga de L. Ron Hubbard e sua cientologia,
o horrendo pesadelo que galgou o duvidoso status de religião, muito em função
da incompetência do IRS, a receita federal norte-americana ("hostilidade
tributária baseada nas escrituras", alguém definiu).
Hubbard
era uma fraude ambulante. Em certa foto, ele aparece com um e-Meter, aparelho
por ele inventado e usado para medir a "dor das plantas", entre
outras coisas muito úteis.
Lá pelos
anos 1960 a cientologia estava em gestação na cabeça atormentada de Hubbard e
isso explica a apelação ficção científica da seita (quando comparada a uma de
dois mil anos, por exemplo), mas principalmente explica a ausência de artefatos
mais complexos, como os multiversos, inerentemente delirantes e perfeitos para
um amontoadinho qualquer de tagarelices místicas.
À certa
altura Hubbard ficou pra lá e pra cá em sua barcaça de 3200 toneladas, antes
usada para transporte de gado, fatigando águas mundo afora com discípulos
bovinos.
Procuraram
tesouros escondidos na Sicília e Calábria; na Córsega, buscaram uma estação
espacial subterrânea e muitas outras coisas do gênero fizeram, com sua Sea Org
em orgias etílicas.
Após
algumas peripécias, e uma sentença criminal de 4 anos à revelia, na França,
Hubbard foi dar com os costados no Queens, onde passeava de peruca e chapéu,
para evitar a polícia.
Em algum
momento morreu, deixando um bando de seguidores desmiolados, e um
empreendimento corrupto com fins lucrativos.
"A cientologia é, muito provavelmente, o culto mais implacável, mais classicamente terrorista, mais litigioso e mais lucrativo que o país jamais conheceu", sintetizou Cynthia Kisser.
Que dizer
desses desatinos?
Pode-se
pensar que essas seitas nascem da pura ignorância, mas esse pode não ser o
caso. Os seguidores do Templo Solar, por exemplo "eram membros cultos e
prósperos de suas comunidades, com família e emprego fixo; mesmo assim, tinham
se entregado a uma fantasia mística de ficção científica que os transformou em
assassinos, suicidas ou vítimas indefesas".
Apesar dos
milhões de adeptos que a cientologia afirma ter, o Censo norte-americano estima
em míseros 25 mil o total de americanos vítimas dessa sandice, metade da
comunidade rastafári.
Concluo: se Hubbard
foi um Hitler em busca de uma máquina de fazer dinheiro, Miscavige é um Stalin,
com as bênçãos do IRS. Patético.
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