Qual a diferença entre o
coletor de impostos e o mafioso, já que ambos forçam o pobre do cidadão a pagar
por "serviços" que ele não necessariamente deseja contratar? É claro,
que, para os libertários radicais, a resposta é "nenhuma", mas, se
formos um pouco menos intransigentes, vamos encontrar algumas ideias
interessantes.
Destaco aqui a teoria do
economista Mancur Olson, que traça uma distinção bacana entre bandidos
itinerantes e estacionários. Ambos querem tirar o nosso dinheiro, mas são
animais distintos tanto pelos incentivos que os movem como pelos métodos de que
se valem. O ladrão itinerante, típico de situações de anarquia, se limita a
tomar aquilo que deseja e saltar para o próximo povoado. Para tornar suas
ameaças mais críveis e seu nome mais temido, não hesita em matar e destruir.
Já o bandido estacionário
é, como o nome diz, um ladrão que não circula muito. Está sempre roubando as
mesmas pessoas repetidas vezes. Se for apenas medianamente inteligente, ele vai
concluir que ficará mais rico se permitir que suas vítimas habituais sobrevivam
e experimentem algum sucesso econômico. O bandido estacionário, que é um outro
nome para tirano, acabará aos poucos promovendo atividades típicas de governo,
como oferecer proteção contra os bandidos itinerantes e favorecer a produção, o
comércio etc. Segundo Olson, é na transição dos bandidos itinerantes para os
estacionários que encontramos as sementes da civilização que, em etapas
posteriores, desembocarão na democracia institucional.
Algo deu muito errado com
o Brasil nos últimos meses, já que, em vez de assistir à germinação das
sementes civilizacionais de Olson, como seria de esperar, estamos às voltas com
a degeneração de nossos políticos, que parecem estar regredindo de bandidos
estacionários para bandidos itinerantes. Assim, acabarão matando a galinha dos
ovos de ouro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário