O Camboja, na antiga Indochina, é um pequeno país com fronteiras com a Tailândia, Vietnã e Laos.
Foi palco do maior genocídio do século XX, em proporção a sua população. Estima-se que até um quarto da população foi exterminada, por um demônio chamado Pol Pot.
Esse demônio teve o suporte dos EUA, presumo que devido ao rotundo fracasso na guerra do Vietnã.
Em vários museus da cidade, pilhas e pilhas de crânios, embranquecidos, descansam dos horrores que viveram. O taxista que nos levou por esses assombros teve pai e tio assassinados pelo sistema (chamado Khmer Vermelho).
De modo algum ele é exceção.
Abateu-me severamente a imagem de três meninas, fotografadas pouco antes de morrerem. Eram criancas, e nada suspeitavam da existência de demônios.
Em seu rosto, e no dos demais, a expressão implorando clemência. Eles parecem pronunciar uma única frase, expressamente proibida para vítimas de demônios: "não me mate".
No rosto de uma das meninas, uma expressão de raiva e perplexidade. Era uma menina. Provavelmente não sabia que era proibido viver, um crime político que não desdenha os requintes da tortura.
Nunca me esquecerei dessa vítima, um ser humano, sem chances contra a insaciável necessidade de assassinar.
Siem Riep, 7 de janeiro de 2006.
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