quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

Elefantes

O que os tailandeses chamam fazenda de elefantes é, em verdade, um parque de diversões. Ali, elefantes são treinados para impressionar. Na chegada, os turistas dão cachos de bananas e canas-de-açúcar cortadas. Eles pegam com a tromba e levam a suas bocarras, com destreza e volúpia. Depois, um banho no rio, e brincadeiras de molhar turistas com jatos d'água. O futebol de elefantes é hilário e muito instrutivo. Eles são espertos, diretos e, ao contrário dos humanos, não fazem falta. O jogo é jogado; são todos contra todos e não há juiz. O goleiro é hábil, evita muitos gols, mas os atacantes são aplicados. A certa altura, depois de mais um gol de bola parada, o elefante goleiro (não confundir com um goleiro-elefante) dirigiu-se à torcida pedindo desculpas. Muito natural: é um elefante asiático. Nesse momento, um dos jogadores (o mesmo que gira sua tromba como um hélice, de forma bem pouco conspícua), aproveitou a contrição para marcar mais um gol. Entrou com bola e tudo. A comemoração foi no estilo americano: espalhafatoso, exagerado, desrespeitoso. Depois, o mesmo elefante se entregou aos prazeres da pintura. Nao é que o bandido, rei da sem-vergonhice na fazenda, tem estilo impressionista? De onde eu estava, via-o pontilhar a tela, todo se gostando das zombarias que proferia. Comprei um quadro, à saida, só para descobrir que fora pintada pelo cara (sua foto acompanha o quadro). Agora, não sei que fazer com a pintura. As visitas a essas fazendas são divertidíssimas. No dia seguinte, numa outra fazenda, elefantes menos exibicionistas, mas não menos habilidosos, jogavam basquete. Um deles tomava a bola com a tromba, dava uns passinhos de bailarina, na ponta das patas traseiras, um pulinho e... Cesta! Todas as vezes que arremessou, chuá!, sem aro. O mesmo paquiderme batia pênaltis com as patas, dianteiras ou traseiras, sempre balançando a rede. Também marcava gols de calcanhar, esse artilheiro desmedido. Depois, contato com a torcida, de preferência para um suculento cacho de bananas. Disse, linhas atrás, que esses elefantes são treinados para impressionar. Em verdade, essas adoráveis criaturas demonstram personalidade e inteligência raras, e cabe abolir qualquer treinamento. PS: o elefante artilheiro/pintor é uma elefanta adolescente. Phuket, Tailândia, 18 de janeiro de 2006.

2 comentários:

Anônimo disse...

Som,

Que delicia ler estas aventuras!!!

Abri hoje, 20.01.06 e ainda não li todas.

Estamos de volta de Floripa, já trabalhando, já que alguém tem fazer este tipo de coisa na família.]


Miriam

Manelim disse...

Miriam:


Estou muito triste que vc sugeriu uma certa vadiagem de minha parte. Sao apenas 50 dias, e nada mais, algo bastante razoavel e imune e criticas.

Falando serio, que bom que vc gostou. Esta tudo otimo por aqui, estou na Malasia, na capital, Kuala Lumpur. Amanha volto para Bangkok e, no dia seguinte, vou para a China.

Na verdade, apos a China ja comeca o regresso.

Vai ser otimo!


Beijos pra Esther e pra Debora. Grande abraco,\


Gerson