Termino agora esse
livro, extraordinário.
O
autor passeia com inteligência e erudição por 13.000 anos de história das
gentes. É uma vasta empresa, sujeita a erros e imprecisões. O livro desmente
manuais de história, e mostra a verdadeira gênese de estados, religiões,
doutrinas. E das elites, retratadas sem retoques: plutocracias cínicas e
impiedosas.
É
brilhante, ao mostrar que colonos loiros e de olhos azuis, fixados no lugar errado
ou com a tecnologia errada, regridem de seu patamar civilizatório e podem ser
extintos, como ocorreu aos noruegueses na Groenlândia. Exatamente como a
regressão tecnológica dos aborígines da Austrália e Tasmânia.
O
livro é um dos dez mais importantes que já li, ao mostrar o ser humano através
da história, sem as doutrinas e mistificações a que nos acostumamos, sem
perceber.
O
autor faz uma fortíssima ligação entre os seguintes fatores, uns levando aos
outros: domesticação de animais e plantas, sedentarização e explosão
populacional, especialização de alguns sustentados pelos agricultores/pastores,
explosão tecnológica devida a emulação entre os povos em contato, surgimento de
doutrinas de coesão social e religiões, emergência da complexidade social e política,
com crescente centralização do poder levando ao surgimento de cidades-estado e,
por fim, reinos e impérios.
Ou
seja, todo o repertório humano, até aqui.
É
possível superar o estágio da plutocracia, reinante na maior parte do mundo
(menos no Brasil, onde a elite é santa e recebeu mandato divino para
enriquecer)?
É
possível reformar os estados, fazê-los trabalhar para as massas, e não para
alguns? Não me animo a responder a isto...
Tampouco
farei qualquer esforço para resumir a obra que (me repito), considero essencial
para se compreender o mundo. Faça um favor para si: leia-a você mesmo,
leitor.
Bali, 5 de janeiro de 2007.
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