Quando a vasta Eurásia quer se
comunicar com a Grande
Austrália - que compreende as
hoje ilhas de Papua-Nova Guiné e Tasmânia, e a Austrália - utiliza
principalmente uma península (que ora se chama Tailândia, ora Mianmar, ora, ocasionalmente,
Malásia) e milhares de ilhas e ilhotas que às vezes aceitam o nome Indonésia.
Semelhante aos milhares de
ossículos que ligam a mandíbula ao crânio (e que se intrometem na orelha
interna), a Indonésia transmitiu os ruídos da Eurásia à Grande Austrália.
Há pelo menos 1 milhão de anos
(talvez 1,8) o homem habita Java, embora a atual civilização
tenha apenas 4.000 anos e seja originária de Taiwan. Há milhares de anos essa
civilização (chamada austronésia)
domina culturalmente o arquipélago indonésio, que também inclui parte de Bornéu, tomada à força na década
de 1960. A expansão austronésia está, de fato, entre os maiores deslocamentos
populacionais dos últimos 6.000 anos, comparável à substituição dos indígenas
americanos pelos europeus, a partir de 1492.
Bali, esse caldeirão de 140 por 95
km é uma ilha média, para os padrões indonésios. Tem vulcões bem comportados
(mas que às vezes protestam), muitas florestas, campos de arroz por toda parte
e uma superpopulação que fala uma das 374 línguas
da subfamília malaio-polinésia, que
a Indonésia divide com as Filipinas. Todas essas
línguas pertencem à familia austronésia, originária daquela província que se
rebelou sob Chiang Kai-chek em 1959, após o bandoleiro Mao ter tomado a China.
Indonésia, quarta nação mais
populosa do mundo, maior nação de maoria islâmica, é politicamente dominada
pela ilha de Java, e submete-se ao idioma Bahasa. Sobre idiomas, faço grandes
progressos. Bahasa? Aprendi "não vou comprar nada" e "tem ar
condicionado?". Os balineses falam língua própria (conforme já relatado),
que não me interessou. De qualquer forma, é no idioma
de Shakespeare as maiores conquistas.
I can speak english very well.
Pouco importa que eu seja a
única pessoa no mundo a pensar assim. Como se sabe, o Inglês (lingua germânica levada à
Inglaterra pelos ancestrais dos dinamarqueses, e que substituiu o celta em
alguns lugares), era uma língua de partículas auxiliares, quando colidiu com o
latim, língua franca e erudita à época: marcadores de caso, desinências et
cetera. E também não havia toda aquela patifaria de vogais com
problemas de identidade.
Hoje, cada vogal em inglês é
também todas as outras, o que me aborrece. Devo lembrar que são 18? Alguém
poderia argumentar que o Francês e o Português também têm seus probleminhas,
ambigüidades e caprichos, mas aqui estamos seriamente tentando falar mal do
Inglês, por ora. Se o leitor sente necessidade de falar mal de outras línguas,
diabos, quem te impede?
Seja como for, estou estudando
línguas antigas, particularmente da China e sudeste asiático (para situar o
leitor: é onde estou agora). Há uma família de línguas muito antiga, depois
subjugada pelo Mandarim, mas que
ainda conserva 6 milhões de falantes divididos em 5 línguas. Trata-se da familia Miao-yao.
Assim, temos os miaos vermelho, branco, preto, verde e azul. Quem fala miao
deve viver em pequenos enclaves, cercados por falantes de outras línguas, do
sul da China até a Tailândia, e alguém menos culto que o leitor pensaria que
essas populações foram jogadas por antigos e descuidados helicópteros aqui e
acolá, salpicando a paisagem asiática.
Tâmil, Malaio, Lao, Birmane,
Cambojano, Bahasa?
Nada disso. Agora, para se
dirigir a mim a leitora terá de valer-se de um tipo de miao.
Colorido.
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