terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Indonésia e idiomas


Quando a vasta Eurásia quer se comunicar com a Grande Austrália - que compreende as hoje ilhas de Papua-Nova Guiné e Tasmânia, e a Austrália - utiliza principalmente uma península (que ora se chama Tailândia, ora Mianmar, ora, ocasionalmente, Malásia) e milhares de ilhas e ilhotas que às vezes aceitam o nome Indonésia.

Semelhante aos milhares de ossículos que ligam a mandíbula ao crânio (e que se intrometem na orelha interna), a Indonésia transmitiu os ruídos da Eurásia à Grande Austrália.

Há pelo menos 1 milhão de anos (talvez 1,8) o homem habita Java, embora a atual civilização tenha apenas 4.000 anos e seja originária de Taiwan. Há milhares de anos essa civilização (chamada austronésia) domina culturalmente o arquipélago indonésio, que também inclui parte de Bornéu, tomada à força na década de 1960. A expansão austronésia está, de fato, entre os maiores deslocamentos populacionais dos últimos 6.000 anos, comparável à substituição dos indígenas americanos pelos europeus, a partir de 1492.

Bali, esse caldeirão de 140 por 95 km é uma ilha média, para os padrões indonésios. Tem vulcões bem comportados (mas que às vezes protestam), muitas florestas, campos de arroz por toda parte e uma superpopulação que fala uma das 374 línguas da subfamília malaio-polinésia, que a Indonésia divide com as Filipinas. Todas essas línguas pertencem à familia austronésia, originária daquela província que se rebelou sob Chiang Kai-chek em 1959, após o bandoleiro Mao ter tomado a China.

Indonésia, quarta nação mais populosa do mundo, maior nação de maoria islâmica, é politicamente dominada pela ilha de Java, e submete-se ao idioma BahasaSobre idiomas, faço grandes progressos. Bahasa? Aprendi "não vou comprar nada" e "tem ar condicionado?". Os balineses falam língua própria (conforme já relatado), que não me interessou. De qualquer forma, é no idioma de Shakespeare as maiores conquistas.

I can speak english very well.

Pouco importa que eu seja a única pessoa no mundo a pensar assim. Como se sabe, o Inglês (lingua germânica levada à Inglaterra pelos ancestrais dos dinamarqueses, e que substituiu o celta em alguns lugares), era uma língua de partículas auxiliares, quando colidiu com o latim, língua franca e erudita à época: marcadores de caso, desinências et cetera. E também não havia toda aquela patifaria de vogais com problemas de identidade.

Hoje, cada vogal em inglês é também todas as outras, o que me aborrece. Devo lembrar que são 18? Alguém poderia argumentar que o Francês e o Português também têm seus probleminhas, ambigüidades e caprichos, mas aqui estamos seriamente tentando falar mal do Inglês, por ora. Se o leitor sente necessidade de falar mal de outras línguas, diabos, quem te impede?

Seja como for, estou estudando línguas antigas, particularmente da China e sudeste asiático (para situar o leitor: é onde estou agora). Há uma família de línguas muito antiga, depois subjugada pelo Mandarim, mas que ainda conserva 6 milhões de falantes divididos em 5 línguas. Trata-se da familia Miao-yao. Assim, temos os miaos vermelho, branco, preto, verde e azul. Quem fala miao deve viver em pequenos enclaves, cercados por falantes de outras línguas, do sul da China até a Tailândia, e alguém menos culto que o leitor pensaria que essas populações foram jogadas por antigos e descuidados helicópteros aqui e acolá, salpicando a paisagem asiática.

Tâmil, Malaio, Lao, Birmane, Cambojano, Bahasa?

Nada disso. Agora, para se dirigir a mim a leitora terá de valer-se de um tipo de miao.

Colorido.

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