Numa noite de 1978 - terão de perdoar eu não precisar a data - às 4 da manhã, centenas de tanques tomaram Lao Cai, cidade da fronteira Vietnã-China. A princípio, seus habitantes pensaram tratar-se de movimentação de seu exército, mas logo ficou claro que aqueles eram tanques chineses, em "visita" que duraria meses e custaria as pretensões vietnamitas no vizinho Camboja.
Os vietcongs (vietnamitas comunistas) haviam escorraçado as legiões americanas e davam um "calor" em Pol Pot, o supremo genocida de um século repleto deles. Os americanos descobriram, muitos séculos depois de Roma vergar sob o peso dos hunos e da China ser devastada pelos mongóis, que os bárbaros podem, sim, ganhar guerras.
De nada adiantou o apoio americano a Pol Pot, em troca da utilização do Camboja para atacar o Vietnã. Nem as reiteradas incinerações de Hanói e Hue.
Com o triunfo inesperado, Pol Pot recebia "atenção especial" do exército vietnamita e a China teve de intervir.
Deng Xiao-ping - vitorioso da perseguição que sofrera de Mao e da "guangue dos quatro", deflagrara naquele mesmo ano o processo de modernização econômica que resgataria a China de 500 anos de indolência, burrice e atraso (alguns anos antes de 1500, a gigantesta classe de burocratas controlada pelos eunucos sofreu um golpe palaciano, e a vasta frota chinesa foi desmantelada, junto com os estaleiros. A China se fechou para o mundo, ao contrário do que faz hoje, com seu superávit de 200 bilhões e comércio de 1 trilhão de dólares, anuais).
O Império do Meio não toleraria hegemonias locais em seu quintal.
Essa história me foi contada por um soldado que participou da guerra, e hoje é guia turistico em Hanói. Seu espanhol é passável.
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