domingo, 28 de dezembro de 2008
Assim falou Roubini
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Papai Noel às Avessas
Papai Noel entrou pela porta dos fundos (no Brasil as chaminés não são praticáveis), entrou cauteloso que nem marido depois da farra. Tateando na escuridão torceu o comutador e a eletricidade bateu nas coisas resignadas, coisas que continuavam coisas no mistério do Natal. Papai Noel explorou a cozinha com olhos espertos, achou um queijo e comeu.
Depois tirou do bolso um cigarro que não quis acender. Teve medo talvez de pegar fogo nas barbas postiças (no Brasil os Papai-Noéis são todos de cara raspada) e avançou pelo corredor branco de luar. Aquele quarto é o das crianças Papai entrou compenetrado.
Os meninos dormiam sonhando outros natais muito mais lindos mas os sapatos deles estavam cheinhos de brinquedos soldados mulheres elefantes navios e um presidente de república de celulóide.
Papai Noel agachou-se e recolheu aquilo tudo no interminável lenço vermelho de alcobaça. Fez a trouxa e deu o nó, mas apertou tanto que lá dentro mulheres elefantes soldados presidente brigavam por causa do aperto.
Os pequenos continuavam dormindo. Longe um galo comunicou o nascimento de Cristo. Papai Noel voltou de manso para a cozinha, apagou a luz, saiu pela porta dos fundos.
Na horta, o luar de Natal abençoava os legumes.
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902. De uma família de fazendeiros em decadência, estudou na cidade de Belo Horizonte e com os jesuítas no Colégio Anchieta de Nova Friburgo RJ, de onde foi expulso por "insubordinação mental".
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Volta ao criacionismo
sábado, 13 de dezembro de 2008
Tempo de estudo
sábado, 6 de dezembro de 2008
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Uma empulhação no Congresso
O modismo agora no Congresso é a tese da "coincidência de mandatos". Trata-se de unificar as eleições de todos os cargos eletivos do país: vereador, prefeito, deputados, governador, senador e presidente. Os mandatos passariam a ter cinco anos, sem reeleição para os postos executivos. O Brasil adotou os quatro anos de mandato com chance de uma reeleição só a partir do pleito de 1998. (...) Adversários do modelo sempre sacam do coldre o sofisma sobre a alta taxa de reeleição entre os prefeitos e governadores que disputam no cargo um segundo mandato. Mas essa é a lógica do sistema. O ciclo político é de mandatos com oito anos com uma espécie de mata-burros no meio. Administradores rejeitados ficam pela estrada. Marta Suplicy que o diga. A tese a favor da coincidência de mandatos pode ser resumida em dois pontos: 1) o Brasil pára a cada dois anos, por que as eleições de prefeitos e de vereadores são separadas das outras, e 2) custa muito caro fazer tantas eleições. Primeiro, o Brasil não pára em ano de eleições. Mais de 5.500 prefeitos foram eleitos em outubro. Nenhuma cidade entrou em colapso por causa das campanhas. Sobre o custo das eleições, o valor é bem menor do que a soma das emendas ao Orçamento apresentadas por deputados e senadores. Em democracias desenvolvidas, quanto mais se vota, melhor. Na cabeça de muitos no Congresso, o raciocínio é o oposto. Querem os eleitores votando menos. Suas excelências seguem em marcha batida para consolidar aquela triste máxima: toda vez que um deputado tem uma idéia, o Brasil piora.As eleições no Brasil são, sim, carésimas. Mas existem coisas piores. Estive dando uma espiadinha no sistema tributário nacional e fiquei estomagado com a orgia de impostos e contribuições, criadas como se o mundo durasse só até amanhã e fosse imperioso virar o contribuinte de cabeça pra baixo e extrair-lhe o último ceitil.
Lembro-me de uma "contribuição" incidente sobre a assimilação de tecnologias de ponta, cujo produto supostamente se destina ao fomento dessa mesma tecnologia. Paga-se 10 por cento para utilizar um produto de que o País precisa desesperadamente. Um observador intergalático perguntaria quem foi o inimigo do País que inventou essa bisonhice...
Quanto à coincidência de mandatos, na condição de criado do Estado em todas as eleições nos últimos 20 anos, tenho lá minhas simpatias... Talvez não seja a maior empulhação em gestação no Congresso.