Islândia, gélida ilha colonizada por noruegueses a partir do século 19, vergou sob o peso de um sistema bancário superdimensionado e excessivamente criativo, muito dado a exóticas transações com os russos. Foi a leilão no eBay nessa surpreendente sexta-feira.
O anúncio dizia que o comprador encontrará "um ambiente habitável, cavalos islandeses e uma situação relativamente desordenada". Dizia ainda que "Groenlândia e Björk não estão incluídas".
Na maior parte do século passado, a Islândia era pouco mais do que um ponto de descanso para as frotas pesqueiras do Atlântico Norte que cruzavam as águas entre Groenlândia e a ilhas Faroë. Reykjavík, onde mora grande parte da população de 320.000 habitantes, ainda parece um porto provinciano. Motoristas de táxi acenam para o presidente, e há uma sensação que a maior parte das pessoas tem alguma relação política, comercial ou de parentesco. Entretanto, apesar de seu ar sonolento, a capital islandesa foi transformada na última década. Uma forte expansão para mercados externos trouxe para o país uma influência desproporcional ao seu tamanho e tornou sua população uma das mais ricas per capta do mundo. Agora, depois de uma semana na qual os três principais bancos da Islândia desmoronaram e foram estatizados - colocando mais de $ 20 bilhões de euros (em torno de R$ 60 bilhões) em risco para a Europa - a fama está virando notoriedade. Como advertiu o primeiro-ministro Geir Haarde nesta semana: "Há um perigo real que a economia da Islândia seja tragada junto com os bancos, e a nação vá à falência."
Nas palavras de um investidor britânico: "É melhor os islandeses pegarem suas varas de pescar. Vão precisar de muito bacalhau para compensar o que perdemos."
Matéria no Financial Times de hoje assinada por Kate Burgess, Tom Braith Waite e Sarah O'Connor.
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