Conquanto minha sandália tenha se desmanchado em minhas mãos, e vendo as rochas magoarem meus pés, resolvi comprar uma dessas sapatilhas de mergulho.
Nas acolhedoras ilhas Cook encontrei um dispositivo chinês, por uma fração do preço sugerido em Papeete. O fato de ser alguns números acima do meu nao me preocupou, nem surpreendeu, já que os descendentes de canibais destas ilhas são caras bem grandes. E lá estava eu, pelas praias e mangues da gigantesca laguna de Aitutaki, chapinhando com meu próprio barco de casco duplo.
Os nativos, hilariados, logo se punham a entoar uma musiquinha, que o leitor vai reconhecer nesse lindo poema:
Alô criançada, o Bozo chegou, trazendo alegria...
As aventuras com os excelentes produtos chineses continuaram. No segundo mergulho, a presilha da nadadeira foi ao mar e se perdeu. Num breve momento McGyver, usei clipes de papel para devolver a nadadeira à operacionalidade e saí pelas praias completo: snorkel, nadadeiras, câmera e sandálias. Os ilhéus achavam aquilo tudo desnecessário, afetado, e se punham a cantarolar:
Alô criançada, o Bozo chegou...
Aitutaki, a 45 minutos de vôo de Raro, e uma ilha baixa, com uma das mais belas lagunas do mundo. Navegamos um dia inteiro por suas aguas turquesas, azuis ou verdes, a depender do ângulo do sol e da profundidade. Tem águas protegidas por uma coroa de corais, ultracalmas e plenas de vida.
Presenciei ainda um pôr-do-sol memorável, que registrei, e visitei ótimos restaurantes, para ter notícias da culinária local.
Aitutaki foi palco de batalhas entre americanos e japoneses, que disputavam a propriedade da bacia do Pacífico. Os primeiros ganharam, para sorte do povo japonês. Tanques ainda jazem, despedaçados, nas praias externas, e lentamente se integram ao oceano.
Raro, 4.12.10.
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